quinta-feira, 2 de abril de 2009

Sempre fui sótão

Sótão é aquele lugar aparentemente escondido da casa, onde se guarda o que não se quer mais, mas também é o local mais cheio de mistérios. O menos óbvio. E por isso mesmo é o menos visitado. Só pelos mais corajosos.
Sempre fui sótão. 
Sempre quis ir "até lá em cima"...no lugar escondido, que ninguém enxerga, lá onde fica o que ninguém quer enxergar. É lá que eu estou, foi com esse sótão que eu decidi trabalhar. Obviamente, é mais fácil espiar o sótão dos outros do que o meu próprio. Acho que sempre me senti meio sótão. E sempre fiquei questionando se as pessoas queriam vir até mim. Se queriam me descobrir. Se tinham curiosidade por mim. Se teriam a coragem de subir as escadas e descobrir o que guardo aqui dentro.
Mas agora percebo que estou gostando do meu sótão. Estou podendo olhar para tudo o que ele escondia e ainda esconde. E estou podendo lidar com tudo o que eu não posso e nem devo enxergar ainda. Porque certos mistérios também não tem que ser sempre desvendados. Afinal, qual seria o atrativo de um sótão se ele fosse limpo e organizado?

8 comentários:

Anônimo disse...

E o porão, quando vamos olhar para o porão?

Luciane Slomka disse...

Num próximo post, quem sabe... Aliás, isso me lembrou de um poema do Quintana que eu adoro e só agora me dei conta como tem a ver:

OS DEGRAUS
Não desças os degraus do sonho
Para não despertar os monstros.
Não subas aos sótãos - onde
Os deuses, por trás das suas máscaras,
Ocultam o próprio enigma.
Não desças, não subas, fica.
O mistério está é na tua vida!
E é um sonho louco este nosso mundo...

Então nem porão, nem sótão...o mistério está bem aqui. :)

Marilu disse...

Oi Lu
legal este post! Tava falando mais ou menos sobre isto estes dias, sobre estar no telhado olhando a vida...

Acho q a gente passeia pelo sotão, pelo porão, pela casa inteira de cada um, as vezes é tempo de se retirar - para avaliar, repensar, juntar os cacos, ou ... as vezes de aparecer, de comparecer, se mostrar, de compartilhar.

O mistério da vida é assim mesmo ;)
Só ficar escondido não tem graça nenhuma! Beijo

Luciane Slomka disse...

Verdade bem verdadeira, querida Marilu... Obrigada e beijo pra ti!

Jânio Dias disse...

Oi!

Com licença, estou dando uma passeada pelo seu "sótão".

;)

Henrique Crespo disse...

Entrevistei o Carpinejar uma vez para uma matéria sobre a nova poesia que nunca foi publicada. hehehe Gosto dele.

Interessante como você usou a palavra "aparentemente" para falar de algo que você acredita escondido. Será que foi atoa? rs
Outra coisa, quando falamos de algo escondido, normalmente falamos de algo encoberto, ou seja por baixo ou seja um porão. Voc~e falou de sotão. Falou de subir para descobrir. alou de subir para encontrar o escondido. Curioso isso. Será que foi sem querer? rs

Luciane Slomka disse...

Oi Jânio. Bem-vindo! Enjoy the ride! :)

***

Tá todo analista o senhor, hein, seu Henrique? Legal isso! :)
Acho que des-cobrir traz a idéia de trazer à tona o que está coberto, escondido. Isso pode ser em cima ou embaixo...mas é sempre algo distante de onde a gente está agora.

Nádia Lopes disse...

Lu, adorei tua ideia que li lá no Carpinejar e resolvi me auto-entrevistar, é uma boa experiência, tenta tb...
Depois podíamos fazer blog entrevitas que tal? Uma troca de perguntas...

beijo