sexta-feira, 28 de maio de 2010

Sempre com Clarice, só para não deixar de sonhar

"Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das drogas mais poderosas, das idéias mais insanas, dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais fortes… tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos.

Você pode até me empurrar de um penhasco que eu vou dizer:
- E daí? Eu adoro voar!

Não me dêem fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre. Não me mostrem o que esperam de mim, porque vou seguir meu coração. Não me façam ser quem não sou. Não me convidem a ser igual, por que sinceramente sou diferente. Não sei amar pela metade. Não sei viver de mentira. Não sei voar de pés no chão. Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra sempre."

segunda-feira, 24 de maio de 2010

E tu, quem és?

Eu quero vomitar. Ninguém escreve a palavra vômito. A sonoridade dela nos é feia porque associamos a palavra ao ato, e ninguém gosta de vomitar. Pois então eu quero vomitar e quero escrever o que ninguém aguenta, eu quero ler e ver tudo aquilo para o qual as pessoas tapam olhos e ouvidos. Porque eu nao consigo tapar os meus, mesmo quando eu tento, e por isso escuto e vejo tudo.

E escuto o que não quero, escuto o que nem mesmo é dito, escuto corpos, escuto olhares e por vezes escuto demais, escuto o que é da minha voz e não da voz do outro.

Tem dias que eu pareço tão porosa e cansada que preciso gritar e preciso falar e digitar, mesmo temerosa sobre como essas palavras serão interpretadas. Mas na verdade não quero obter qualquer tipo de gratificação ou crítica. É como se eu fosse um diário para mim mesma e para quem quiser chegar perto e me ler, porque eu já me desencadeei.

Eu li há poucos dias que há gente que já nasce póstuma. Ninguém quer deixar de ser lembrança, de ser semente. Eu ainda não estou certa do que venho deixando de legado, porque ainda estou vivendo os meus, para aproveitar os que me servem e vomitar os que me empurraram goela abaixo.

Agora eu já não sei se me olho no espelho todos os dias para lembrar de quem eu era e lhe dar adeus, ou se é para acompanhar quem eu me tornarei. Não sei exatamente para onde estou indo, mas isso não tem mais me tirado o sono. Tenho sorvido goles de calma, apesar dos engasgos de medo; e com o devido cuidado para não me embriagar. Porre de calma anestesia a vida.

Minha ressaca é das doses de verdade que eu venho tomando todos os dias. Uma dependente dessa droga que me cansa, mas me salva. Eu sou um poço de perguntas, um jato de idéias, um chafariz de descobertas, um muro de indagações, ventania de amor e solidão. Eu sou o que eu nunca imaginaria ser, eu me torno o que preciso, e eu não serei o futuro que eu nunca imaginei.

Por tantas vezes eu sinto medo do futuro não chegar, sinto medo de não estar percorrendo o trilho certo. Ou será que é o medo de ter finalmente descoberto que não existem trilhos, que o caminho é campo aberto, mata fechada esperando pelo meu facão?

Eu sou o fio do meu facão. A tênue linha entre o caos e a razão.

Eu sou o medo de (me) perder.

Eu sou a perda.

E tu, quem és?

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Give love, give love, give love!!!

Can't we give ourselves one more chance?
Why can't we give love that one more chance?
Why can't we give love, give love, give love, give love
give love, give love, give love, give love, give love

'Cause love's such an old fashioned word
And love dares you to care for
The people on the edge of the night
And love dares you to change our way of
Caring about ourselves
This is our last dance...
This is our last dance,
This is ourselves.

terça-feira, 18 de maio de 2010

...

Não, não adianta me perguntar por que as coisas são assim ou então por que, para ser suave, é necessário arder. Eu não sei as respostas para as perguntas da vida e não sei como se faz para aliviar a dor. Não tenho respostas, não tenho antídotos e nem receitas. Eu só sei que parece que as pessoas sabem que precisam aprender mas não se deixam ensinar. Eu só sei que tem poucas, tão poucas pessoas com quem a gente realmente consegue sentir-se único e compreendido. Espero que você tenha encontrado a sua. Espero que você tenha aprendido a lição, de que a negação não nos torna felizes. O paradoxo da alegria está justamente na capacidade de suportar a dor, o medo da finitude, a pequeneza de nossa capacidade de escolha perante a vida e os acontecimentos que ela nos impõe. Nossa impotência.
Mas não somos pré-determinados, não somos pré-conduzidos, não estamos pré-destinados. Estamos vivos. E se você escolher viver, meu amigo, precisa doer. E se quiser doer, doa de verdade, até o fundo. Para que no fim da vida (se você tiver o privilégio de perceber quando essa hora chegar) você feche os olhos sabendo que viveu de verdade.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

mais uma sexta feira

E as sextas-feiras se sucedem sem nunca trazerem o final de semana. São semanas ininterruptas as que vivemos tateando e tentando ser mais felizes. As sextas-feiras às vezes me trazem mais cansaço porque me lembram que os fins se sucedem antes mesmo das coisas poderem começar de verdade. Procuro pela sexta feira, procuro pelos meus começos, antes que o fim...

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Auto-biografia em 5 capítulos

1. Ando pela rua.
Há um buraco fundo na calçada.
Eu caio...Estou perdido... Sem esperança.
Não é culpa minha.
Leva uma eternidade para encontrar a saída.

2. Ando pela mesma rua.
Há um buraco fundo na calçada.
Mas finjo não vê-lo.
Caio nele de novo.
Não posso acreditar que estou no mesmo lugar.
Mas não é culpa minha.
Ainda assim leva um tempão para sair.

3. Ando pela mesma rua.
Há um buraco fundo na calçada.
Vejo que ele ali está.
Ainda assim caio...
É um hábito.
Meus olhos se abrem.
Sei onde estou.
É minha culpa.
Saio imediatamente.

4. Ando pela mesma rua.
Há um buraco fundo na calçada.
Dou a volta.

5. Ando por outra rua.

Extraído de "O Livro Tibetano do Viver e do Morrer"
Sogyal Rinpoche – Editora Talento/Palas Athena