sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Pássaro que sabe quando deve voar rumo ao chão é que sabe ser livre

Como eu poderia explicar ao pássaro que ficou preso no último andar do prédio que para ele se libertar ele deveria voar para rumo ao chão, que é a saída para a rua da garagem por onde equivocadamente ele entrou?

Assisto impotente ele se debater contra o teto do prédio, machucando suas asas. Ele jamais poderia pensar que voando para baixo encontraria o caminho para sua liberdade. Pássaro aprende a voar para o alto, para frente. É assim que ele vive e acha que pode sobreviver. Mas nesses voos muitas vezes impensados ou não calculados pode-se entrar em armadilhas, que não são feitas por ninguém, que fique claro. Apenas acontecem. E então o menos provável para a salvação parece ser a ida às profundezas, a descida.

Sigo escutando o barulho angustiado das asas contra as paredes e penso em nós, em nossas encruzilhadas, e em nossos medos de voarmos para baixo, sem sabermos que muitas vezes é caindo que poderemos voltar a voar. E aprender a usar nossas asas para sermos efetivamente livres.