quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Os para sempres e os nunca mais

Todos os meus nunca mais estão guardados em uma caixinha decorada com pedras coloridas.

Os meus nunca mais estão empoeirados porque os venho usando cada vez menos. Mas eles já me foram muito úteis, aplicáveis a quase tudo e quase todos. E eles eram bons de usar. Facilitavam muito a vida. Com o tempo eles foram sendo menos eficientes, talvez porque eu comecei a descobrir que eles já não me saciavam e não me aliviavam.

Nuncas quase nunca existem.

Nuncas são negações de verdades que podem sim ser possíveis de vez em quando. A questão é que lidar com o de vez em quando, lidar com nossos quandos, com o acaso, com a incerteza e a espera é angustiante.

E queremos nuncas, sempres, certezas. E tudo o que a vida nos dá são possibilidades. Eu venho tentando brincar com as minhas, explorá-las. Os meus nunca mais estão lá na minha caixinha colorida. Confesso que às vezes a tentação é de ir lá buscar algum, só para brincar com alguma nova certeza. Mas logo isso se vai também.

E eu fico aqui, brincando com o meu possível e com meus sonhos, porque esses sim, eu já tirei da caixinha colorida há um bom tempo.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Desejos de ano novo


Em 2010 vamos transformar "No" em "Now"!!!

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

eu não me livro de mim

Hoje me deu vontade de tentar ler mais do meu próprio livro. Esse livro que eu imagino, que eu sonho e que existe bem aqui, dentro da minha cabeça. Ele existe tanto e tem tanta forma, tanta espessura e conteúdo que fica pesado demais para ele existir, porque eu sei que ele nunca vai condizer, enquanto crua realidade, com o que eu espero dele. Mas não acho que é pelo livro que eu estou esperando. O livro é um simbolo, é um significante. O livro sou eu. O livro já existe. Por que preciso dar forma a ele? Por que preciso me colocar em letras e versos para ser legível? Sou passivel de leitura e tradução? Alguém é? Preciso mostrar minhas letras a quem? Hoje sei bem quem pode me ler. Sei bem o que tento escrever. Eu sou uma tradução de um livro que ainda está sendo escrito. Hoje eu não consigo dar letras para sentimentos e talvez nem deva. Por que será que somos assim iletrados quando é para falar do coração?

É curioso como não sei dizer quem sou.
Quer dizer, sei-o bem, mas não posso dizer.
Sobretudo tenho medo de dizer porque no momento
em que tento falar não só não exprimo o que sinto
como o que sinto se transforma lentamente no que eu digo."

Clarice

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Por uma vida menos ordinária

Prosaica é a escrita.
A vida é poética sempre

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Um fim que é um começo

Pouquissimas vezes na vida eu vivi um fim de ano como esse. Geralmente eu vivo esse período do ano como encerramento, como revisão de atitudes, escolhas, decisões. Um momento reflexivo, mais introspectivo e até mesmo um pouco triste, recolhido.

Esse ano eu estou vivendo essa época como recomeço. Novo início. É como se hoje eu já estivesse vivendo as águas de março fechando o verão e a promessa de vida no meu coração. Talvez porque eu tenha passado o ano todo revendo minha vida, revendo minhas escolhas, fazendo planos para o meu novo ano, que não tem a mesma cronologia de um calendário. Estou em pleno março, recomeçando atividades, com pique de me engajar em novos projetos, novos rumos.

E o melhor de tudo é que para mim é março e ainda tenho um lindo verão pela frente...

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Que eu seja...

De menos ingenuidades, mas sem perder a pureza

De menos raivas, mas sem perder agressividade para a luta

De menos temores, mas sem perder a prudência

De mais amor, mas sem perder quem eu sou

De mais roupas dobradas, mas sem perder a preguiça

De mais lavanda, de mais açucar, de mais beijos

De menos medo, menos palavras perdidas, menos silêncios

Que eu seja toda carne, toda sonho, toda.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Há um ano crendo para ver

Amanhã esse blog completa 365 dias de vida. 241 posts no total, contando com esse que você está lendo agora. Conversando com meu irmão sobre esse "aniversário", falávamos sobre a importância de vermos nossos sentimentos, idéias, devaneios e ficções datados, marcados no tempo, já que a vida é tão intangível e subjetiva. Poder ter essa marca, algum número que mostre pelo que passamos é estruturante, ajuda a viver.

Olhando para trás nesses 241 posts, vejo que já passei pelos mais diversos sentimentos e sensações. Provoquei idéias, posso ter provocado inquietações, reflexões, risadas. Cada um leu como quis cada um desses pedaços de mim que formam esse espaço que eu tanto gosto. Momentos de mais exposição, momentos de feridas abertas, momentos de plenitude, momentos de alegria ou de solidão. Tudo aqui.

Não sei quanto tempo isso ainda vai durar. Tenho plena convicção de que esse blog é a minha cara, é o reflexo do que sou. Nem que às vezes seja quem eu gostaria de ser e ainda não sou. Não importa. Tudo é reflexo de mim, reflexo de quem passa por aqui, reflexo de quem está ou já passou pela minha vida. E já não diferencio mais a vida "real" da vida "virtual"... É tudo VIDA, é tudo presente.

Agradeço a todas as pessoas que passam por aqui. Os que sempre deixam seu recado, sua reflexão, aqueles anônimos que só lêem... Espero que algo de bom fique de tudo isso que já foi escrito. Espero que isso seja apenas o começo. Espero que essas palavras todas sigam ganhando vida, saindo dessa tela, que sigam me fazendo sentido e me fazendo ser cada vez mais feliz.

Porque eu simplesmente não canso de acreditar na vida...

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

O ministério da saúde emocional adverte

A vida não foi feita para ser indolor
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A felicidade não é uma benção. É uma conquista

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O sofrimento não é opcional; aos olhos atentos, é presente

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O amor é inevitável. impensável. indomável

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Aprender a odiar a si mesmo é uma lição de amor

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Perdão não deveria ser um esforço; nem obrigação

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Estar exatamente onde se deseja estar é merecimento, não sorte.

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"Ter quem se quer" e não "querer quem se tem"

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Desapego, mais do que a arte de saber o que é supérfluo, é a arte de saber o que é indispensável.

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Atire-se no abismo e cairá em si mesmo. O que lhe aguarda lá embaixo - terra árida, grama macia ou colchão de molas - foi você mesmo quem escolheu. Está escolhendo agora.

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Não ser autêntico é prejudicial à saúde

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Juan Gelman e a quinta-feira

El atado

Escribir sin contar es como vivir sin vida. Las palabras serán inocentes, pero no su relación. El contador traza una columna del "debe" y otra del "haber" y en la última anota los silencios que supo conseguir. Con las caras de una palabra quisiera hacer piedras y mirarlas todas hasta el fin de mis días. Esas caras siempre tienen otras fugitivas de la boca. Morder la piedra, entonces, es la tarea del poeta, hasta que sangren las encías de la noche. En esa noche navegará sin rumbo fijo, desconfiado de todo, en especial de sí, mirando espejos que cantan como sirenas que no existen. El poeta se atará al palo mayor de su ignorancia para no caer en sí mismo, sino en otro país de aventura mayor, muerto de miedo y vivo de esperanza. Sólo el dolor lo unirá muertovivo al vacío lleno de rostros y verá que ninguno es el suyo. Y todos serán libres.

***

Una mujer y un hombre

Una mujer y un hombre llevados por la vida,
una mujer y un hombre cara a cara
habitan en la noche,
desbordan por sus manos,
se oyen subir libres en la sombra,
sus cabezas descansan en una bella infancia
que ellos crearon juntos, plena de sol, de luz,
una mujer y un hombre atados por sus labios
llenan la noche lenta con toda su memoria,
una mujer y un hombre más bellos en el otro
ocupan su lugar en la tierra.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Da ausência de relógios

Meus ponteiros não giram mais
nem apontam números em círculos
Não é assim que enxergo o tempo

Assisto um mundo sinuoso, descompassado
e ritmos que nao obedecem ordem.

São meras sequências de intangibilidades:
carne, vento, maciez, nuvem, agua e música

Esse é o unico tempo re-lógico:
Etéreo e eterno