sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Será que estamos mesmo vivos?

e então ela se foi. acabo de saber que ontem, as 23horas, enquanto eu assistia a um show de música, onde o cantor perguntava à platéia enlouquecida: "Vocês estão vivos?" ela não estava mais. não sei explicar o meu sentimento nesse momento. faz tempo que eu aprendi (?) a lidar com isso e que não me sinto mais culpada quando estou na rua, vivendo, me divertindo, fazendo algo de bom e sorrindo quando alguem está em uma cama de hospital lutando pela vida e dividindo comigo suas angústias. Eu carrego as angústias comigo mas elas não podem ser as minhas, caso contrário eu não conseguiria viver. e daí eu entendo porque há poucos minutos eu escrevi o post "não sei, tô cansada". Porque eu me canso da provisoriedade da vida, porque eu me canso das coisas inexplicáveis, porque eu me canso de não ter as respostas, porque eu me canso de lembrar todos os dias que somos mortais, que somos seres onipotentes que julgamos ter controle sobre nossas vidas quando não controlamos nem mesmo nossos próprios corpos. eu me canso dessa roda viva não parar nunca. eu me canso pelo fato da minha mente não parar nunca, pelo fato de eu ter consciência das coisas, pelo fato de eu saber que não sei tanta coisa, pelo fato de eu saber que vou morrer e sempre vou ter deixado alguma coisa para trás. eu sei por que eu tô cansada. eu to cansada porque a vida é assim implacável. e porque ainda assim eu não desisto e faço de tudo para que os outros não desistam. E ainda assim, essa vida é assim finita e pueril e eu sempre agradeço por estar respirando. que ela vá em paz e que tenha encontrado alguma resposta para tudo isso. e que eu me absolva da minha limitada compreensão, da minha covardia frente aos meus medos tão bobos, porque o maior desafio de todos é simplesmente começar um dia e acabá-lo bem.

Não sei, mas estou cansada.

Não sei, mas estou cansada.

Sabe aquela poção que a Alice toma e a faz encolher para que ela atravesse a porta que a leve ao País das maravilhas? Fiquei pensando nela, e nos tamanhos que a gente tem ao longo da vida, ao longo de um dia, ao longo de reles minutos. Essa semana eu oscilei entre me sentir gigante e minúscula em questão de segundos. Acho que a vida nos mostra situações onde a gente percebe que nao é nada. Situações em que nos sentimos tudo e situações em que percebemos que aquele tudo que achávamos que éramos na verdade não era nada. Os valores do que é sério me parecem tão distorcidos. O que realmente é um problema, o que realmente é amor. Do que realmente sentimos falta. Com quem realmente nos importamos.

Não sei, mas estou cansada.

Fico cansada e talvez com inveja de quem não pensa nisso tudo. De quem escolhe viver de olhos fechados, de quem não ousa descobrir o que há na toca do coelho. Eu questiono minhas pequenas coragens, minhas escolhas, meus medos.

Não sei, mas estou cansada.

Eu, que tantas vezes não sei quem eu sou, que busco imagens, frases soltas, pessoas que me lembrem da minha essência, que me conhecem de verdade. Eu, que me escondo em músicas, me vejo muitas vezes dispersa nas poças d'água, quase sem fôlego. Mas de repente algo acontece. De repente eu sigo. Acordo pronta para tentar de novo. Não sei o que e não sei por que. Eu realmente sou uma otimista, como já me disseram. Tenho raiva disso, tenho medo de tantos medos que carrego. Preciso comprovar que sou digna da minha confiança em mim para continuar a ser digna da confiança dos outros. Mas alguém sabe o que é mesmo a dignidade? Alguém sabe no que confia?

Não sei, mas estou cansada.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Então...

Ficamos esperando que a vida aconteça quando na verdade é ela quem espera que a façamos acontecer.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Question


Which composer or songwriter would you like to create the soundtrack to your life as a movie?

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Defensa de la alegria

Defender la alegría como una trinchera
defenderla del escándalo y la rutina
de la miseria y los miserables
de las ausencias transitorias y las definitivas

defender la alegría como un principio
defenderla del pasmo y las pesadillas
de los neutrales y de los neutrones
de las dulces infamias y los graves diagnósticos

defender la alegría como una bandera
defenderla del rayo y la melancolía
de los ingenuos y de los canallas
de la retórica y los paros cardiacos
de las endemias y las academias

defender la alegría como un destino
defenderla del fuego y de los bomberos
de los suicidas y los homicidas
de las vacaciones y del agobio
de la obligación de estar alegres

defender la alegría como una certeza
defenderla del óxido y la roña de la famosa pátina del tiempo
del relente y del oportunismo de los proxenetas de la risa

defender la alegría como un derecho
defenderla de dios y del invierno
de las mayúsculas y de la muerte
de los apellidos y las lástimas
del azar y también de la alegría.

Mario Benedetti

Krishnamurti

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

E = df x Vf x g

Empuxo é uma força vertical exercida por um fluído em repouso (e sob a ação da gravidade) sobre um corpo total ou parcialmente submerso.

Para calcular o empuxo é preciso saber o Princípio de Arquimedes que diz o seguinte: “Um corpo submerso em um fluído em equilíbrio, sofre a ação de uma força, denominada empuxo, a qual é vertical, para cima e a intensidade é igual a do peso do fluido deslocado.”

Isso significa dizer que tudo o que está por afundar tem uma força que a(o) impele a subir. Isso significa dizer que se a física fala isso sobre as forças invisíveis e sua potência, o que podemos imaginar das forças também quase invisíveis, as emocionais?

Lendo mais sobre o empuxo recordei também que é justamente devido a esse fenômeno que os objetos, dentro d'água, ficam muito mais leves do que na realidade são. Então, existem dois ângulos pelos quais se pode pensar:

1) Quando estamos afundando, sempre existe uma força que nos impele a subir, por mais que, consciente ou inconsconscientemente desejemos afundar;

2) Quando estamos afundando, por mais paradoxal que possa parecer, nos tornamos mais leves para quem queira nos "carregar", porque supostamente já temos essa força nos empurrando para o alto;

Pode até ser uma tentativa excessivamente positiva de ver nossos afogamentos emocionais eventuais e nossa necessidade de resgate, mas pode fazer sentido.

O importante mesmo é não se afogar.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

A caçada

Eu me pego pensando no quanto custa pensar. No quanto custa querer estar sempre alerta para os próprios sinais. No quanto custa estar em contato com os mais genuínos desejos que sinto e, ao mesmo tempo, querer o mais genuinamente possível estar perto do outro e perto de seus desejos também.

Eu me pego pensando no quanto as pessoas tem histórias dramáticas, engraçadas, cômicas, podres e sujas, lindas e comoventes, escondidas e escancaradas. Pessoas reservadas demais, pessoas expostas demais, pessoas assustadas demais, pessoas inconsequentes demais. Saudáveis demais. Doentes demais. E no meio de tantas vidas, de tantas histórias, de tantas perdas, conquistas, receios, complexos e dramas, fico pensando sempre o que de mim enxergo em tudo isso. Que parte minha vê essas coisas todas e o que meus olhos fazem com isso.

Eu me pego pensando em quem sou eu em meio a tanta humanidade que me rodeia. Tento desvendar quem eu sou e quais são meus medos e minhas dores internas em meio a tanta dor real que me circunda. Tento desvendar quais são os meus motivos para sorrir em meio a tantos outros sorrisos que me gritam. Falsos ou verdadeiros. Tento ver qual é o meu olhar, pelo que meu olho vibra, pelo que meu olho encharca.

Eu me pego pensando, afinal, se sou quem eu sempre pensei que fosse, quem eu sempre quis ser. Se eu posso me tornar quem eu sempre quis. E se eu ainda quero essa tal mesma coisa que sempre quis.

Sigo assim. Me pegando pensando e em seguida, me deixando escapar. Só pelo prazer da caçada.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Em construção


Faltam-me idéias para colocar nesse espaço.
Acho que elas estão grandes demais para caberem aqui.

Volto em breve, talvez.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Virando a ampulheta

Graças a um presente de Natal que escolhi dar nesse final de ano lembrei de algo que me fascina desde criança e que eu havia esquecido: ampulhetas.

Percebi, aos longos dos dias do feriado, que eu era quem mais manipulava e observava a ampulheta que eu presenteei. E olhando para ela percebi que ela tem o símbolo do infinito, o mesmo que tenho tatuado em mim. A ampulheta é a esperança do tempo sobre a inexorabilidade do próprio tempo. É a chance da chance de uma nova chance. A areia que passa por ali é a mesma, mas tenho quase que absoluta certeza de que ela jamais passa duas vezes da mesma maneira, na mesma ordem de grãos. Por isso o tempo é sempre diferente, mas sempre o mesmo.

2010 começou. Vireamos a ampulheta e a areia começou a cair. Temos 365 dias. 361 exatamente na data de hoje. Mas não tenho pressa de acertar ou prever de que forma minha areia irá se comportar, porque ainda quero dar muitas voltas na minha ampulheta. Deixo que meus grãos escorram suaves pela pequena passagem apertada, como podem ser muitas vezes algumas situações da vida. O certo, que acontece na ampulheta e também na vida, é que não podemos ficar olhando demais para a ela. Se olhamos muito, parece que o tempo não passa nunca e não fazemos nada. Se não olhamos e nos distraímos, quando percebemos o tempo passou e também não fizemos nada. Há que se olhar de vez em quando, só para lembrar de que a areia segue caindo, que seguimos vivos e que temos ainda muito a fazer.

Deixo que os dias venham me contar o que será do meu tempo. Mas a virada já começou muito bem, cheia de esperanças, cheia de retornos eternos e cheia dos meus sonhos e devaneios infinitos.