sexta-feira, 24 de junho de 2011

Tecendo amanhãs



Eu sinto cada passo que dou ecoar dentro do meu corpo como tambores fortes que anunciam novas chegadas. Dias em que cada passo parece uma promessa, em que a gente deita sobre as perdas e cobre-se de desejos, esperando que o frio passe. Esperanças sempre aquecem, mas não debelam invernos. Eu sigo insistindo que viver é esforço, viver de verdade é análise sem teoria alguma, é tatear desejos e medos buscando formas que não existem. Viver é dificil, exige esforço, exige estar atento. E quando a gente parece estar entregue, ainda seguimos vivendo. E a vida acontece em nossas desatenções, em nossas distrações.

Ontem eu pensava se querer é poder. Claro que sim. Mas poder é escolher. E escolher é ato, escolher é decisão consciente. Portanto, traz responsabilidade. E estamos a todo momento sendo testados por isso, se vamos mesmo assumir essa responsabilidade. Até quem acha que não tem escolha está escolhendo ser vítima do tal destino.


Eu já falei isso mil vezes, de que eu não acredito em destino, não acredito na tal "hora das coisas acontecerem.". E ainda assim sou uma esperançosa assumida, sou uma otimista incorrigível. Mas acredito em mim, acredito nas pessoas. talvez eu so esteja um pouco cansada, mesmo com meus poucos 33 anos de vida, tem dias que o sangue parece estar correndo mais espesso pelas minhas veias, tudo mais lento. eu sempre lembro de algo que ouvi um dia, que nossas células a cada certo número de anos mudam todas, nossa pele está sempre morrendo e renascendo. Então o que fica? Como vamos acumulando quem somos se as marcas da vida se passam em nosso corpo e nem ele é mais o mesmo?


Quando olho fotos minhas de criança fico tentando desvendar quem eu era. O que se passava na minha cabeça e quais eram meus sentimentos naquela fase da minha vida. E eu não lembro deles, lógico. Mas eles não se foram, eles apenas se tranformaram. E se hoje eu sou consequencia da criança que fui, dos pensamentos que eu tive mas não lembro mais deles, começamos de onde? E onde isso tudo vai parar?


Sigo amanhecendo e tecendo esses amanhãs que nunca chegam.