terça-feira, 29 de setembro de 2009

Cortázar de perder o fôlego

TU BOCA

Com um dedo, toco a borda da tua boca, desenhando-a como se saísse da minha mão, como se a tua boca se entreabrisse pela primeira vez, e basta-me fechar os olhos para tudo desfazer e começar de novo, faço nascer outra vez a boca que desejo, a boca que a minha mão define e desenha na tua cara, uma boca escolhida entre todas as bocas, escolhida por mim com soberana liberdade para desenhá-la com a minha mão na tua cara e que, por um acaso que não procuro compreender, coincide exactamente com a tua boca, que sorri por baixo da que a minha mão te desenha.

Olhas-me, de perto me olhas, cada vez mais de perto, e então brincamos aos ciclopes, olhando-nos cada vez mais de perto.

Os olhos agigantam-se, aproximam-se entre si, sobrepõem-se, e os ciclopes olham-se, respirando confundidos, as bocas encontram-se e lutam sem vontade, mordendo-se com os lábios, quase não apoiando a língua nos dentes, brincando nos seus espaços onde um ar pesado vai e vem com um perfume velho e um silêncio.

Então as minhas mãos tentam fundir-se no teu cabelo, acariciar lentamente as profundezas do teu cabelo enquanto nos beijamos como se tivéssemos a boca cheia de flores ou de peixes, de movimentos vivos, de uma fragrância obscura.

E se nos mordemos a dor é doce, e se nos afogamos num breve e terrível absorver simultâneo do fôlego, essa morte instantânea é bela.

E há apenas uma saliva e apenas um sabor a fruta madura, e eu sinto-te tremer em mim como a lua na água.

POEMA

Te amo por cejas, por cabello, te dabato en corredores blanquísimos donde se juegan las fuentes de la luz,

Te discuto a cada nombre, te arranco con delicadeza de cicatriz voy poniéndote en el pelo cenizas de relámapago y cintas que dormían en la lluvia

No quiero que tengas una forma, que seas precisamente lo que viene detrás de tu mano, porque el agua, considera el agua, y los leones cuando se disuelven en el azúcar de la fébula, y los gestos, esa arquitectura del nada, encendiendo sus lámparas a mitad del encuentro.

Todo mañana es la pizarra donde te invento y te dibujo. pronto a borrarte, así no eres, ni tampoco con ese pelo lacio, esa sonrisa. Busco tu suma, el borde de la copa donde le vino es también la luna y el espejo, busco esa línea que hace temblar a un hombre en una galería de museo.


Además te quiero, y hace tiempo y frío.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

O dia do perdão

Hoje é dia de Yom Kippur. O dia do perdão. Um dos feriados judaicos mais sagrados, porque significa um dia em que o povo reflete sobre os erros cometidos no último ano. Tradicionalmente é um dia de ponderação, de reflexão, de isolamento. O jejum faz parte desse dia como símbolo da privação dos prazeres em prol de novas atitudes a serem tomadas no próximo ano.

Eu não sou judia fervorosa. Não pratico os rituais e costumes além do mínimo necessário. Sempre achei o dia do perdão algo que vem perdendo seu sentido, pois para mim não é deixando de comer que eu vou "pagar" pelos pecados que cometi. Mas fiquei me perguntando sobre a validade de existir um dia em que as pessoas param com todas as atividades que lhes distraem de si próprias e vão para a sinagoga rezar, refletir, replanejar a vida.

Meu Yom Kippur tem sido longo. Não faço jejum gastronômico mas faço um jejum das bobagens, faço jejum das ilusões, das falsas promessas que sempre me fiz, de relações vazias, de mentiras, de tantos prêmios falsos que já me dei.

Mas a vida não para e não posso jejuar enclausurada no meu quarto. Para isso não há feriado. O jejum tem de ser feito na própria vida. E não há tal coisa como o dia do perdão. Há, sim, o dia em que nos absolvemos de nós próprios, o dia em que paramos de nos auto-flagelar e descobrimos que nossos maiores pecados são contra nós mesmos.

Meu novo ano está prestes a começar.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

A cura


Não é mais o teu olho que me sara
Agora o mundo é meu espelho
Não necessito do teu conselho
Porque sou eu quem me ampara

Recolhi as velas ao meu vento
Porque é só fechando meu corpo
abrindo mão do que chegou torto
que posso me acarinhar por dentro.

Sarar não é o mesmo que arder
Porque o que sara nem sempre cura
E não se sabe o quanto a vida é dura
Até viver a nobre lição do perder.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Pequena história de um sinistro

Invisível a si própria em seu próprio tráfego, ela andava desgovernada pela rodovia. A polícia então a para mas constata que era tarde demais. O acidente já havia acontecido há muito tempo: Insulfilm cobria seus olhos.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

RPM

Ele: Ei, me espera um pouquinho!

Ela: Não posso, estou atrasada.

Ele: Atrasada para que?

Ela: Para te resgatar! Tchau!

Ele: Mas eu sempre estive aqui...

(...)

Ele: Sou meio maluco, né? Eu sei que minha mente às vezes vaga por lugares meio insólitos e que sou meio marcado pela vida, mas não sei ser diferente.

Ela: E por que deveria?

Ele: Porque as vezes isso assusta. Sei lá, como se eu vivesse constantemente em uma rotação diferente do resto do mundo.

Ela: Mas eu acompanho a tua velocidade, sei em que mundo tu vives e eu não te perco, mesmo quando tu estás longe de mim. Eu sei o que tu pensas, sempre.

Ele: Eu nunca acreditei nisso, até agora. Mas hoje nem resisto mais. Tu sabes sim e essa tua capacidade de me acompanhar me assusta.

Ela: Então para de correr. Me espera e caminha comigo.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Cantos

Se me encanto
com meu corpo
em desalento
Te convoco
ao encontro
do canto
que eu canto
a cada pranto.
(...)
Encanta comigo?

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Sentido


Antes a visão
era surda
o ouvido, cego
o gosto arranhava
e eu ainda sorria

Agora os sentidos
voltaram aos seu lugares
e o meu sexto me diz:
Renova e cresce

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

O enredo mortal

Sou escritora, sou imaginativa e sou poeta sempre que posso. Na minha cabeça cabem sonhos, fantasias e devaneios. Sei que sempre fui pouco realista, que sempre habitei o terreno dos sonhos e que já machuquei quem fez parte de minhas criações.

Eu nunca quis ferir ninguém, nunca quis tornar ninguém principe encantado ou bruxa má. Os personagens são todos partes de mim, são projeções das minhas ilusões. Foi então que caí na realidade e me machuquei feio. Caí na realidade e vi pessoas de verdade ao meu lado. E pessoas de verdade não são como desenhos animados. Não são como o coiote que persegue o Papa-Léguas ou o Tom que persegue o Jerry. Eles não são esmagados, queimados, jogados de abismos e sobrevivem. Não. Pessoas reais morrem. Se machucam, se ferem. E cansam. E desistem.

Sempre fui Papa-Léguas porque corria e escapava. Sempre fui Jerry porque provocava e me entocava. Mas me dei mal.

Porque a vida não é um desenho animado; a vida não é novela. E o enredo que criei para a minha história até aqui não me deu audiência. Pelo contrário. Me enredei em meu próprio enredo e sufoquei. Na verdade eu sei a quem todo esse enredo foi dirigido. Mas nem mesmo ela viu. E eu já paguei caro demais por essas linhas tortas que fui escrevendo, só para tentar provar que sou uma criação animada para não dar certo.

Eu não sou cartoon. Eu sou real. Chega de escapar, chega de correr. Preciso saber quem fica ao meu lado se eu for constante e presente.

Não quero mais enredo nenhum.

Sou livre, real e mortal.

*Trilha sonora do devaneio: "Estrela, estrela" do Vitor Ramil

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Pense e Dance!

Primeira música da trilha sonora do dia!

Há quanto tempo eu não ouvia Barão e há quanto tempo uma música não se encaixava tão perfeitamente para o momento!

Cantei alto no carro, digito ela aqui para dividir!

******
Penso como vai minha vida
Alimento todos os desejos
Exorcizo as minhas fantasias
Todo mundo tem um pouco de medo da vida

Pra que perder tempo desperdiçando emoções
Grilar com pequenas provocações?
Ataco se isso for preciso
Sou eu quem escolho e faço os meus inimigos

Saudações a quem tem coragem
Aos que tão aqui pra qualquer viagem
Não fique esperando a vida passar tão rápido
A felicidade é um estado imaginário

Não penso em tudo que já fiz
E não esqueço de quem um dia amei
Desprezo os dias cinzentos
Eu aproveito pra sonhar enquanto é tempo

Eu rasgo o couro com os dentes
Beijo uma flor sem machucar
As minhas verdades eu invento sem medo
Eu faço de tudo pelos meus desejos

Saudações a quem tem coragem
Aos que tão aqui pra qualquer viagem
Não fique esperando a vida passar tão rápido
A felicidade é um estado imaginário

Pense e dance
Pense
Pense e dance!

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Tatuagem

A cena começa comigo, esperando uma amiga para almoçar em uma calçada agitada dessa cidade, com meu passatempo predileto que é observar as pessoas passarem, cheias de brincos, óculos que escondem o rosto e passos perdidos ou achados.

Foi então que olhei o pé de uma mulher, que vestia um scarpin, e na parte de cima do pé, meio para o lado, uma tatuagem com alguma palavra escrita com uma estrelinha em cada lado. Parecia aquela tatuagem da Deborah Secco? Ou então da Carolina Dieckman? Ou então da sei lá quem que se apaixonou por sei-lá-que-outro-quem, mas já apagou com laser. Fiquei pensando nesse lance de tatuagem e logo peguei meu caderninho de devaneios para escrever.

A tatuagem surgiu e propagou-se como algo que vendia a idéia de tornar o corpo algo inédito, algum desenho que tornasse aquele corpo único, com uma marca, um nome ou um desenho que o diferenciaria de tantos outros corpos comuns. Mais do que isso: com um significado para aquela pessoa. Um sentido. Mas, como tudo que nasce com um propósito inicial, isso se subverteu e hoje vemos as mais malucas motivações que levam as pessoas a desenharem-se para a eternidade que o corpo durar.

Mas fiquei pensando que o propósito original já deixou de exisitir há tanto tempo... Porque agora nada mais é original. Desde que a Gisele fez, ter uma estrelinha no pulso já é tão comum quanto ter dois olhos e sobrancelhas. Peraí, mas a idéia não era ser original?

Pois é.

Isso foi o que me levou a pensar que na verdade, pouquíssimas pessoas desejam mesmo ser originais, diferentes. No fundo todo mundo quer ser réplica, quer reproduzir o que já "deu certo" ou o que já está na moda. Me deu uma pena daquele pé, de tantos pulsos, de partes de trás da cintura com o tal "Made in Brazil". Além do mais, fico aqui pensando que necessidade é essa de carregar o nome de alguém que amamos ou então de dizer uma frase que nos faz sentido, escrito na pele. O que interessa é o que está escrito na alma. Isso sim é eterno. Essa tatuagem é que dói para fazer, dá orgulho e quando temos que apagar, por alguma razão, dói muito mais do que qualquer raio laser. O que tatuamos na alma sim é eterno...

Mas não pensem que sou contra a tatuagem. Pelo contrário. Eu também tenho uma. Que tem um significado especial para mim e que sei porque a fiz. É pequena, simples e quem me conhece sabe o significado que tem para mim. Mas as da minha alma, essas também são poucas, as que são eternas. E estão comigo e não me arrependo de nenhuma delas.

E já que o tema parece meio bobo, termino com um bom Chico, que torna tudo profundo e belo sempre...
.:.
Quero ficar no teu corpo feito tatuagem
Que é pra te dar coragem
Pra seguir viagem
Quando a noite vem

(...)

Quero brincar no teu corpo feito bailarina
Que logo se alucina
Salta e te ilumina
Quando a noite vem
E nos músculos exaustos do teu braço
Repousar frouxa, murcha, farta
Morta de cansaço

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Não sei dizer o que faço aqui

Não sei dizer o que faço aqui

Só sei que venho e volto, bem aqui

Eu sei que congelo quando me afasto

Que derreto se chego perto demais

Não sei a forma de um poema perfeito

e desconheço jeito incólume de amar.

Se chegares e ainda me reconheceres

Avisa a todos que eu nunca fui poeta

Avisa que eu sou teimosa e exagerada

Que sou dramática e mentirosa

Que só tu conhece minhas verdades

e que uma delas é que eu não sou má.

Não sei dizer o que faço aqui

Eu não sei fazer poesia

Eu não sei quais palavras escolher

Só sei que me sinto escrava das letras

quando elas me açoitam por distratá-las

ou quando sabem que as estou usando para

me distanciar do que realmente sinto.

Me digam vocês, letras, quem sou

porque eu simplesmente,

Não sei dizer o que faço aqui.


***

Na verdade não sei o que se passa comigo hoje. Um ataque verborrágico informático bloguístico. Vontade de escrever sem parar. Uma vontade de escrever algo brilhante. Sabe aqueles textos antigos que tu encontra e depois fica pensando: "Puxa, eu mesma que escrevi isso? Adorei!". Pois é. Faz tempo que isso não acontece comigo. Ando meio sem inspiração, me sentindo pouco poeta, pouca prosa, pouca rima, pouca coisa.

Acho que são momentos. Foi uma semana cheia de chuva, uma semana de enchentes emocionais. Não gosto de ser reflexiva sempre. O coração às vezes me escapa e sai correndo por aí, desvairado e indomável, querendo me engolir.

Eu amo escrever, só não sei se a escrita me ama. Mas quem disse que o melhor do amor é ser correspondida? Óbvio que é bem melhor, mas eu adoro poder amar assim tanto. Amar só por amar. Adoro saber que eu aprendi muito nos últimos tempos. Tanto que eu queria começar tudo de novo. Então que eu possa amar hoje, que eu possa amar os ontens e esperar pelos amanhãs!

Eu creio para ver, sim!

Hoje Juan Gelman fala por mim...

O jogo que andamos

Se me dessem a escolher, escolheria
esta saúde de saber que estamos doentes,
esta felicidade de andarmos tão infelizes.
Se me dessem a escolher, escolheria
esta inocência de não ser um inocente,
esta pureza em que passo por impuro.
Se me dessem a escolher, escolheria
este amor com que odeio,
esta esperança que come pães desesperados.
Aqui acontece, senhores, que jogo com a morte.


(recomendo muito o livro de poesias dele "Amor que serena, termina?" Lindo demais!)

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

precisa-mente

Precisamente
quando tudo parece estável
Os ventos mudam a direção
Precisa a mente, então,
de uma força tremenda
para frear o que as velas desejam
Elas queimam e fazem força
E a mente, precisa,
precisa fugir
daquilo que o corpo mente
precisa que o coração aquiete
precisa que não lembre
que a precisão do sentimento
Faz qualquer vento parecer brisa
Quando é de nossa força que se trata.
É então a pressa do nosso coração
que faz o amor ser tempestade,
Precisamente.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Faróis

Eu queria ter faróis cortantes
para os meus dias de chuva.

Certificar-me de que
não passarei despercebida
na infinita via dos instantes.

Essa é a real proteção;
Eu não temo os acidentes
O que temo é a solidão.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Supergrass e a vida adulta

Indo para o trabalho ouvindo o cd dessa banda que eu recomendo muito, Supergrass, debaixo de uma super chuva que não deixa de cair nessa cidade, fiquei pensando nas responsabilidades da vida adulta. Quantas vezes a gente não sente vontade de pedir que tudo pare, e que repentinamente nossas tarefas, compromissos e atividades voltem a ser os temas do colégio, as famosas e temidas semanas de provas, brigas com a melhor amiga, os guris chatos, os dramas pelos amores platônicos não correspondidos, ter que chegar em casa morrendo de fome mas ter que tirar o uniforme antes de sentar na mesa, etc.

Hoje as coisas mudaram. Ainda assim, temos que usar outros tipos de uniformes. Temos que ser uniformes em tantas coisas. Só temos que ser diferentes e extraordinários quando é algo dificil, algo que exige criatividade, grandes idéias, para constantemente termos que ser diferentes, vencer, nos destacar. E cansa. Nossa, como cansa.

Ao mesmo tempo, ver-se com essa vida de adulta e poder dar conta dela, cumprir tarefas, respeitar os prazos, ser digna de confiança faz um bem tão grande. A grande questão é que para isso, a gente tem que estar bem por dentro, tem que estar com nossos leões domados, nem que seja apenas por um tempo. Temos que conhecer nossos calcanhares de Aquiles, que são tantos. É trabalhoso ser adulta e querer se compreender.

Mas ter a sensação de dever cumprido, de que se faz o que se escolheu e que se faz isso bem feito, é bom demais. As recompensas de sermos adultos são boas e fazem todas as dificuldades valerem a pena. A independência, a liberdade (mesmo que nem sempre e não completamente), o futuro.

É isso. Boa sorte a todos nós nessa vida adulta. Que pode até ser dificil mesmo, mas fica bem menos complexa com uma boa trilha sonora. Então, bora ouvir Supergrass! O resto a gente vai dando um jeito!

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

A primeira pessoa

Se eu falar de mim
na terceira pessoa
posso eu falar
como se fosse outra?

Essa tal que não existe
pode ser quem eu pintar
Linda, esperta ou tola
Posso eu também dizer
que sou um pouco louca?

Eu não sou aquela outra
nem quero que outra seja eu
Mas não posso deixar
de sempre me indagar:

Se eu me mostrar
em primeira pessoa
alguém de verdade
poderá me amar?

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

desabafogado


Minha criatividade sumiu
Escorreu com a água da chuva.
Fiquei cinza como o céu
Minha boca já não faz meia lua

O que houve contigo, alegria?
Era boba, juvenil ou pueril?
Desabitas meu rosto
e me trazes o cansaço

Preciso correr e rir
Preciso inventar, escrever
Estou sedenta de profundidade
Estou rasa, sem ar
Como peixe fora d'água
lutando para respirar.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Quem quer ser Belchior?

Se você sumir sem avisar a ninguém,
quem é que vai perceber sua falta?
E quanto tempo depois?