quinta-feira, 14 de maio de 2009

Rosa de Cecília

.:. Livre e loucamente inspirado no poema de Cecília Meireles, "O 4° motivo da Rosa" .:.

Eu sou a rosa de Cecília, aquela que se desfolha e não tem fim.
Se eu me imaginasse como uma rosa não seria uma rosa cor de rosa nem vermelha.
Seria uma rosa branca, pronta, aberta e disponível às cores.
Eu sou branca como pétala e suave como o vento.
Eu sou a rosa que se despetala porque meus espinhos não ferem ninguém além de mim mesma.
Eu sou a rosa da Cecília, e minhas pétalas voam quando eu menos espero.
Mas ao contrário dos conselhos por ela postos, eu me aflijo sim.
Não quero me despetalar mesmo sabendo que outras novas virão.
Tenho amor por cada pétala, até pelas que secaram.
Eu quero que o vento vá falando de mim e perceba minha existência,
Fugaz como a vida de uma rosa
Frágil como a pétala
Inconstante como esse mesmo vento que me leva.
Eu também não quero ter fim.
***
4o. Motivo da rosa
Não te aflijas com a pétala que voa:

também é ser, deixar de ser assim.
Rosas verá, só de cinzas franzida,

mortas, intactas pelo teu jardim.
Eu deixo aroma até nos meus espinhos

ao longe, o vento vai falando de mim.
E por perder-me é que vão me lembrando,

por desfolhar-me é que não tenho fim.

Cecília Meireles

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