segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Não sei dizer o que faço aqui

Não sei dizer o que faço aqui

Só sei que venho e volto, bem aqui

Eu sei que congelo quando me afasto

Que derreto se chego perto demais

Não sei a forma de um poema perfeito

e desconheço jeito incólume de amar.

Se chegares e ainda me reconheceres

Avisa a todos que eu nunca fui poeta

Avisa que eu sou teimosa e exagerada

Que sou dramática e mentirosa

Que só tu conhece minhas verdades

e que uma delas é que eu não sou má.

Não sei dizer o que faço aqui

Eu não sei fazer poesia

Eu não sei quais palavras escolher

Só sei que me sinto escrava das letras

quando elas me açoitam por distratá-las

ou quando sabem que as estou usando para

me distanciar do que realmente sinto.

Me digam vocês, letras, quem sou

porque eu simplesmente,

Não sei dizer o que faço aqui.


***

Na verdade não sei o que se passa comigo hoje. Um ataque verborrágico informático bloguístico. Vontade de escrever sem parar. Uma vontade de escrever algo brilhante. Sabe aqueles textos antigos que tu encontra e depois fica pensando: "Puxa, eu mesma que escrevi isso? Adorei!". Pois é. Faz tempo que isso não acontece comigo. Ando meio sem inspiração, me sentindo pouco poeta, pouca prosa, pouca rima, pouca coisa.

Acho que são momentos. Foi uma semana cheia de chuva, uma semana de enchentes emocionais. Não gosto de ser reflexiva sempre. O coração às vezes me escapa e sai correndo por aí, desvairado e indomável, querendo me engolir.

Eu amo escrever, só não sei se a escrita me ama. Mas quem disse que o melhor do amor é ser correspondida? Óbvio que é bem melhor, mas eu adoro poder amar assim tanto. Amar só por amar. Adoro saber que eu aprendi muito nos últimos tempos. Tanto que eu queria começar tudo de novo. Então que eu possa amar hoje, que eu possa amar os ontens e esperar pelos amanhãs!

Eu creio para ver, sim!

7 comentários:

Wania disse...

LU, transbordamentos necessários...

Esvaziar-se para se completar novamente
... de palavras
... de vontades
... de amores
... de significados
... de saberes.

Creia e verás, Poetisa!
Bjs!

Luciane Slomka disse...

que bom te ler, Wania! Obrigada pelo carinho! Beijo!

Renata de Aragão Lopes disse...

Que bonito, Lu,
sentir-se "escrava das letras"!

Escrever é assim mesmo...
Da quantidade
é que se extrai a qualidade.

E esteja certa
de que todo texto seu,
ainda que você o questione
se realmente bom,
traz sempre uma excelente reflexão
aos seus leitores.

Um beijo
- e que bom que está por aqui! : )

Lara Amaral disse...

Fiquei feliz com seu comentário, muito obrigada! E, sendo sincera, me encontrei nesse seu texto. Até achei que algumas partes dele dialogavam com o meu texto atual. Porque, no fim das contas, os poetas têm angústias parecidas e o que lhes restam são as palavras, por mais que elas os esnobem às vezes.
Tbm gostei daqui, bom te conhecer.
Abraços!

Adriana Riess Karnal disse...

Que beleza ouvir tua voz nessa denúncia das palavras...sim, é preciso,,,e vcscreve bem,viu?

Luciane Slomka disse...

Obrigada pela força, Re! Tem dias mesmo em que a fico aqui me questionando sobre a utilidade que dou a minha escravidão literária...Beijão, guria!
***
É verdade Lara. E a sincronia existe, e muito! Eu que adorei a tua visita também! Bjo!
***
Obrigada pelo elogio Adriana. Fui lá te visitar e vindo de uma poeta como tu teu elogio me ajuda um pouco a responder o que eu faço aqui!! :)

Talita Prates disse...

Ahhhhhhhhhhhhh, que lindo!
AMEI, Lu!

Gostei tanto desse "desconheço jeito incólume de amar". Eu e minha terapeuta falamos sobre isso hoje mesmo!

Amei o tom confessional tb!
És amiga das palavras, Lu! Creia!

Um grande bjo, psi!
Linda tua foto nova!