quarta-feira, 18 de março de 2009

Condicional da alegria


Estou em liberdade condicional da minha alegria. Ela me liberou por algum tempo, e se eu não infringir nenhuma das normas impostas, posso manter-me distante dela por algum tempo sem maiores punições.

Eu quero estar assim, liberta da prisão da alegria. Porque estar sempre contente pode se tornar uma obrigação. E um fardo. Já não aceito mais estar sempre sorrindo como antes. Sempre solícita. Sempre compreensiva.

Agora eu também flerto com a ira, com a agressividade, a irritação e a tristeza. As lágrimas agora não são refugiadas de uma tristeza clandestina. Agora, quando elas precisam me visitar, elas chegam anunciadas, legítimas. Essa tem que ser a minha verdade.

Porque eu sou de carne e osso. Porque sou humana e ainda estou aprendendo a lidar com a minha solidão.

6 comentários:

Dona ervilha disse...

A solidão... essa conversa dá tanto pano pra manga, né?! Ser feliz o tempo inteiro é a coisa mais triste que existe. Eu acho, pelo menos.
Bjo

Daniel Gralewski disse...

O tempo passa e nos tornamos mais humanos... Ou pelo menos deveriamos nos tornar...

pensar disse...

Oi, vou te responder com um poeminha q fiz:

Sou sorte
No espetaculo da vida
Sou sorte

Nas correntezas do rio
me deixo levar
e vou compondo, dispondo, rompendo

Transgrido a moral e me sou leal
então luto contra o redemoinho
na solidão das águas,
na angustia da insegurança
reconheço o caminho sem clausura
e continuo a navegar
apesar de

A chuva cai e amansa meu caminho
mostrando a beleza da incerteza
o acaso natural, minha não influencia
na humana condição
Sou sorte

Meu intimo selvagem e doce
feroz e suave
me inunda e me confundo com as águas
e sou tanto, e sou nada
tento compreender e o caminho estreita
não compreendo e vivo, o caminho 'e o horizonte
Sou mistério em meio ao grande mistério
Sou sorte

Mariana Cadore

Luciane Slomka disse...

Carmen, solidão é um dos temas menos solitários que existem! E concordo contigo. Ser feliz sempre além de impossível, seria um saco. Beijo pra ti, ervilhinha!
***
Verdade, Daniel. As vezes parece que acontece ao contrário. Quanto mais a sociedade "evolui", menos humanos nos tornamos...
***
Mariana! Que lindo isso que tu escreveu. Gostei muito. E já percebi que tu ama a água, né? Traga sempre o que tu escreve! Beijo

Nádia Lopes disse...

Lu, esse teu post, me lembrou uma poesia antiga que fiz, quando desisti da Alegria compulsória:

essa falta de auto estima
esse querer agradar
a incerteza de ser bem quista
gerando o medo de dizer não
e ser rejeitada
esse sorriso sempre a postos
minha fragilidade
duramente encoberta
me disfarcei tanto
que já não me reconheço
essas outras que guardei
tem ares de monstros pecados
não mostrei pra ninguém
não permiti a raiva
o grito
não deixei que a dor saísse
tive tudo controlado
fui assim bem normalzinha
menininha
boa moça,
incapaz de querer mal
parecia tão verdade
esse maniqueísmo bobo
que me fez fazer de conta
que não sou sinceramente
boa-má
médico-monstro
criador-criatura
mas agora me permito
e na corda bamba
me mostro
muito prazer
sou humana!

Sejamos assim humanas...mil beijos

Luciane Slomka disse...

Lindo! Adorei.
Beijos pra ti!