segunda-feira, 16 de março de 2009

Competindo comigo


Ontem eu corri minha primeira prova oficial de corrida. Meus primeiros 10 km.

A emoção foi bem parecida com a que eu tinha imaginado que seria. A adrenalina da largada, a preparação das equipes antes disso, aquele grupo de pessoas todas reunidas com um propósito em comum, independente das condições do tempo. Todos estavam ali querendo correr, querendo saúde. E essa energia é contagiante.

É dada a largada.

Os primeiros 5km são de uma energia incrível. Quando terminei o terceiro me sentia com energia para correr muito mais e muito mais rápido. Estava com todo o gás. Mas aí entra o que na vida a gente precisa tanto, mesmo que nem sempre seja possível usar: estratégia. Eu pensei que eu teria mais 7km pela frente e que não poderia me empolgar naquele momento e gastar essa preciosa energia. Me poupei. Acho que fiz bem, pois no sétimo quilometro eu travava a batalha mais desafiadora comigo mesma: a batalha com a minha mente.

Meu corpo cansado e minha mente com pensamentos pedindo para parar e caminhar um pouco. Mas eu não podia. Eu não aceitaria caminhar. Porque a minha briga não era com os outros corredores, nem com o relógio. A minha briga era comigo. Com a minha resistência e com minha capacidade de persistência. E ali a corrida representava a minha persistência para com todos os meus objetivos pessoais. Eu não me perdoaria se eu desistisse assim. Se eu me entregasse. Do mesmo jeito que não vou me perdoar se eu desistir de tantos outros objetivos e sonhos que tenho para mim.

Aí entra o recurso fantástico da fantasia. A gente imagina cenas ou pessoas que nos estimulam, que querem ver a gente vencer, avançar, correr. A gente pensa no final prize. E então a gente corre. Mesmo cansada. E a sensação que dá quando a gente vê a placa dos 500 metros restantes, e ao fundo a linha de chegada, é de uma renovação da garra e uma gana, vindo à mente uma série de outros objetivos que eu ainda quero alcançar e dos quais eu não desisitirei facilmente, e para os quais eu vou dar o mesmo sprint que eu dei naquela reta final, dando tudo o que eu podia, mirando a linha de chegada e correndo muito.

Enquanto eu tiver minha imaginação, minhas pernas e meus sonhos, não tem distância ou desafio que eu não vá vencer.

4 comentários:

pensar disse...

Opa esse teu texto me lembrou um meu de agosto do ano passado, vou colar aqui mesmo sendo grande. (e te digo q esta é a fascinação do atleta- o limite- o meu foi ate demais e to imobilizada do joelho, mas daqui a pouco cura)bjs

Mente 33

E mais uma vez percebo e comprovo que o que manda é a mente.O corpo é um mero serviçal dela.
E muitos pensamentos vem só para atrapalhar.
Então vamos cuidar muito bem da nossa querida mente.

Ontem eu treinei muito forte de manhã, e de tarde era para remar, mas devido ao vento o técnico falou para correr.
Eu estava com dor nas costas e o corpo cansado,mas quando ele falou corrida, a minha resposta foi imediata:
-Fui!
(foi em milésimos de segundos que minha cabeça pensou volta a Lagoa em 33min)
E naquele instante atravessei a rua e larguei o cronometro.(fugindo de qualquer pessoa que pudesse me passar preguiça -pois você deve saber que é contagioso).
Em poucos min minha mente começou a pensar em me falar para desistir, ir mais devagar, mas os pensamentos eram trucidados, estilhaçados e esmagados.E ou eu tentava não pensar em nada e respirar, ou eu pensava em coisas muito boas e estimulantes.
Assim eu fui, sem olhar o relógio e trucidando qualquer pensamento.Os olhos já estavam esbugalhados, e o pensamento fixo: Você quer, você pode.Você quer 33 e vai ao encontro dele.Você pode.
Bom quando completei a volta(7,5km) parei o relógio e estava cravado: 33min.
Eu com o sorriso na cara e a marca batida.Para mim aquela não era uma corrida e sim a vida intensa sendo mostrada naquele momento("o que aconteceu ali, é o que acontece diariamente com todo mundo").
Era como eu achava que uma pessoa deveria agir diante da vida e seus momentos.E eu, tinha agido!!

Luciane Slomka disse...

Que ótimo isso. Realmente essa sensação é muito parecida. A vontade de vencer os próprios limites e a tentação que todos nós temos, em algum momento, de seguir o caminho mais cômodo, de desistir. Acho que o aprendizado é saber pesar os limites, saber nossas fronteiras, até onde podemos ir sem ferir nosso corpo, que é a ferramenta da mente.

Flavio Ferrari disse...

Parabéns, menina.
Eu uso o mesmo recurso quando corro, principalmente na praia, a beira mar ... o único lugar onde sou capaz de correr 10km ...

Daniel disse...

juro que vi um cara de bicicleta de xingando no km final...