quinta-feira, 2 de julho de 2009

Open your eyes...

Tem dias que eu escuto histórias que me revoltam. Histórias que embrulham o meu estômago. Histórias que parecem enredos de novela, de Gilberto Braga a Sílvio de Abreu.

Mas as que mais mexem comigo, em relação ao meu trabalho, são histórias em que as pessoas negam um problema. Ou para não ser tão simplista: pessoas que tem tamanha dificuldade em lidar com uma dificuldade ou com uma ameaça que, como forma de enfrentamento, fogem. "Mas como assim, fugir?", eu penso. Como é possível que alguem saiba que algo de grave está lhe acontecendo e tem essa capacidade psíquica de pensar: "ah, mas se eu mexer piora"; "ah, se eu tomar tal medicação eu vou engordar então o melhor é nem tratar". COMO PODE?

Nesses momentos eu preciso respirar fundo, lembrar que aquela pessoa é outra que não eu, que passa por algo que eu nunca vivi na pele, e que ela é marcada por vivências, histórias, traumas ou aprendizados que lhe trouxeram até ali e que certamente é o melhor que ela pode fazer para tentar sobreviver. Já falei aqui outras vezes que nossos mecanismos de defesa, como o próprio nome já diz, são para nos proteger do impacto de traumas ou dificuldades de nossas vidas.

Sempre lembro e digo que é muito fácil falar estando do outro lado, o lado de quem ouve, de quem está supostamente sadio. Não sei como eu reagiria frente a um golpe muito duro, frente a uma escolha que eu não desejaria ter que fazer. É fácil julgar. Mas tem dias que dá vontade de esquecer meu papel e dar uma sacolejada nas pessoas e dizer, "Poxa! acorda! É tua vida que está em jogo! presta atenção!". Mas não dá. Isso só afasta as pessoas, porque se não enxergaram isso ainda é porque não estão prontas para isso. E isso não é só no trabalho. Às vezes até com amigos tem verdades que não podem ser ditas antes da pessoa estar pronta para isso.

E quer saber? Deve ter muita coisa que eu também não enxergo e nem mesmo sei! Deve ter muita coisa que eu sigo negando, que eu sigo "inteligentemente" preferindo não enxergar ainda. Mas estou no caminho, estou desvendando o que é necessário no meu próprio tempo.

Porque do meu futuro eu não fujo mais. Nem da minha felicidade. Ela está ali, bem perto, esperando que eu a encontre. E vocês? Estão procurando?

12 comentários:

Karina disse...

O futuro está lá, a felicidade está aqui, neste momento, a felicidade é agora! Sejamos urgentes!
O mais legal de tudo é todos,não importanto se monge ou executivo, rico ou pobre, estamos no processo de "inteligenciar" algumas coisas, pra tomar uma atitude na hora que de fato estamos prontos para ir retirando essas couraças.
Não é bonita a vida?

Luciane Slomka disse...

Amiga, amiga...é bem linda essa vida mesmo. E linda também é tu! Saudades! Beijão!

Paula disse...

ótimo tema!

marcelo disse...

Só precisamos ajudar a destapar o sol... Tirar a peneira. O outro fica encarregado de olhar... Mas acho que devemos mostrar sim, apontar que há uma negação... Se ele não quiser ouvir não vai, mas pelo menos a gente falou.

Luciane Slomka disse...

Valeu, Paula!
***
Pois é, talvez sim. Mas depende do que o sol vai iluminar quando a gente tirar a peneira. Se for pesado demais para que a pessoa carregue ou se a pessoa não tiver passado filtro solar suficiente, vai se queimar. Mas é dificil dosar mesmo. O que tem que ter de sobra é paciência...e persistência. Beijo mano, e obrigada por todas as peneiras que tu já tirou dos meus olhos até hoje!

pensar disse...

Como sao muitas as possibilidades da vida, mas a felicidade soh tem uma: agora.
E eu ja fiquei feliz por ter lido teu post.
Bjs

Flavio Ferrari disse...

Precisei de alguns anos de análise para encarar meus problemas de frente ...
Há uns dias, postei esse haikai lá no Arguta:
Como é que alguém vai encontrar
o que almeja da vida
se a mente esquecida não for buscar

Wania disse...

Lu, abrir os olhos compromete...me responsabiliza pelas coisas que acontecem comigo e eu sei (sempre eu sei, posso não querer ver em determinando momento) que sempre serei eu a única protagonista nesta história! Tem gente que prefere ficar de coadjuvante e culpar outros papéis pelo “insucesso” da obra!
Bjão e bom findi!

Luciane Slomka disse...

Que bom, Mari! Siga lendo e me convidando para aqueles eventos. Uma hora a gente consegue se encontrar, né? Bjo!
***
Oi Flavio, que ótimo teu Haikai. E sim, haja análise para que a gente se conheça de verdade, não? :)
***
É bem isso, amiga! Bem isso. Beijos já com saudades das segundas poéticas!

Maritza disse...

Querida, adorei esse post! Tu ainda tá trabalhando na onco? Eu tô pensando em seguir esse caminho... em algum momento gostaria de conversar contigo sobre isso. É lindo poder te ler aqui e descobrir uma Lu que, no fundo, eu não conhecia.

Luciane Slomka disse...

Oi Mari! Tô sim, sempre e cada vez mais nessa área. Que ótimo que tu tá pensando nisso! Eu acho que a gente tinha mesmo que marcar um café, falar disso e de milhões de outras coisas tambem, né? Faz tanto tempo... E acho que essa Lu que anda por aqui nem eu mesma conhecia ainda! Vamos marcar alguma coisa lá no hospital! Te mando meu cel por recado! Beijão!

Bel disse...

LUCIANE, GOSTEI MUITOS DE TEUS ESCRITOS, DA MANEIRA REALISTA, OTIMISTA DE VER A VIDA...VAI SER UM GRANDE PRAZER CONHECE-LA PESSOALMENTE...DEVES SER MAIS BONITA DE QUE PENSO...BJ ISABEL