segunda-feira, 27 de julho de 2009

Apego

Já falei aqui sobre vôos, sobre quedas, abandonos e recomeços... Hoje, um dia antes de completar meus 31 anos, penso no desapego. Ou melhor, no apego. Nesses tempos de relações rápidas e frustrações lentas, de descréditos imediatos e insatifações permanentes, parece cada vez mais inédito falar sobre vínculos. Sobre laços e a capacidade de ligação e entrega.

O que é que de fato nos liga a alguém, o que nos conecta, nos faz criar com determinadas pessoas canais que se tornam exclusivos e insubstituiveis?

Esse fim de semana, estando frente à natureza em sua forma mais sublime e natural, me botei a pensar em como somos pequenos diante do mundo, e, paradoxalmente, como nos julgamos deuses. Esse equilíbrio é tênue. Não podemos esquecer que somos apenas mais um, mas ao mesmo tempo precisamos nos sentir únicos, especiais, insubstituíveis. Nesse panorama, muito do que ainda nos define é nosso trabalho. O que eu faço, quem eu sou, do que me fantasio durante a semana "útil"; do que me escondo ou me protejo. Então, quando nos despimos desses papéis, aparece quem realmente somos, as relações que realmente construímos. Nossos vínculos. Você sabe o que sobra quando se despe do que acredita que seja? Você sabe quem está ao seu lado?

Não somos mais os casacos que vestimos, somos o frio.
Não somos mais nossa profissão, somos formados pelo que sonhamos.
Não somos mais acompanhados por quem nos escolhe, mas por quem escolhemos também.
Não somos mais paisagem de uma vida, somos a própria vida.
Não somos mais os papéis determinados, somos pedaços de quem admiramos.

Eu custei a aprender a construir vínculos, a me entregar a eles, a correr o risco de passar o frio para que o casaco não me limite, não me sufoque. Eu posso até tremer, quem sabe até congelar, mas o que me aquece é a ousadia de ver a paisagem e ter mobilidade para tentar ser feliz.

Sim, nós somos apenas mais um ser minúsculo no mundo, mas nos tornamos gigantes quando somos o mundo para alguém.

12 comentários:

Renata de Aragão Lopes disse...

Lu,
que texto fantástico!
Posso transmiti-lo
por e-mail,
obviamente com os devidos créditos
e citação do "Crer para ver"
como fonte?

Um beijo doce de lira!

Luciane Slomka disse...

Claro, Re! Que honra ser citada por ti e que bom que tu gostou do texto!
Beijos e uma ótima semana para nós!

Marilu disse...

Lu querida ;)
Um super hiper feliz aniver pra você. Desejo que vc seja muito feliz!

Teus post nos ajudam muito, eles fazem diferença na vida de cada um de nós!

O apego limita nossos verdadeiros desejos.

"Tantas vezes pensamos ter chegado. Tantas vezes é preciso ir além."
- Fernando Pessoa -

Bjo queridooooooooona

Wania disse...

“Renova-te.
Renasce em ti mesmo.
Multiplica os teus olhos, para verem mais.
Multiplica-se os teus braços para semeares tudo.
Destrói os olhos que tiverem visto.
Cria outros, para as visões novas.
Destrói os braços que tiverem semeado,
Para se esquecerem de colher.
Sê sempre o mesmo.
Sempre outro. Mas sempre alto.
Sempre longe.
E dentro de tudo.”

Luciane, faço minhas as palavras de Cecília Meireles.
É mais um ano, mas é mais um ano unicamente e genuinamente TEU!
Que este ano seja um lindo MUNDO pra ti e que possas ser um MUNDO lindo para alguém especial!

Feliiiiiiz Aniversário!
Meu abraço especial neste Teu dia!

Que possamos partilhar tudo isso hoje e sempre!
Bjs ...Amiga Querida!!!!!!

Renata de Aragão Lopes disse...

Feliz aniversário, Lu!
Muita paz, saúde e sorte!
O resto se conquista...

Como me autorizou,
acabei de veicular um e-mail
com o título "Texto para reflexão",
levando a muitos
a lição de "Apego"
e o nome de seu blog!

Um grande abraço
e aproveite seu dia! : )

Karen disse...

Belíssimo texto! :)

Luciane Slomka disse...

Poxa Re, que legal isso de poder, de alguma forma, dar voz (ou no caso, letras) a idéias e pensamentos que tu compartilha e multiplicar isso. Obrigada pelo teu estímulo! Beijos!
***
Obrigada, Karen!

pensar disse...

Que lindo texto, realmente real e raro relacoes duradouras.
Feliz aniversario e ate logo.

Luciane Slomka disse...

Wania e Marilu, obrigada pelos recados e desejos bons que vem de vocês duas. Beijos!
***
Oi Mari! Obrigada! Até logo! Bjo!

Maritza disse...

Parabéééééns, Lu! Feliz aniversário e tuuuuuudo de bom! Tu merece!
Beijão!

Nadia disse...

Lu, lindo texto, linda sacação...te desejo nesse ano novo e em todos os outros:vínculos lindos, intimidades profundas, felicidades e alegrias compartilhadas!
mil beijos- parabens

Flavio Ferrari disse...

O primeiro vínculo é com a mãe e gera frustrações, porque o outro é sempre o outro.
O mais importante vínculo é consigo mesmo.
Depois desse, e conscientes de que nascemos sós e morremos sós, podemos saborear os vínculos impermanentes enquanto duram.