segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

eu não me livro de mim

Hoje me deu vontade de tentar ler mais do meu próprio livro. Esse livro que eu imagino, que eu sonho e que existe bem aqui, dentro da minha cabeça. Ele existe tanto e tem tanta forma, tanta espessura e conteúdo que fica pesado demais para ele existir, porque eu sei que ele nunca vai condizer, enquanto crua realidade, com o que eu espero dele. Mas não acho que é pelo livro que eu estou esperando. O livro é um simbolo, é um significante. O livro sou eu. O livro já existe. Por que preciso dar forma a ele? Por que preciso me colocar em letras e versos para ser legível? Sou passivel de leitura e tradução? Alguém é? Preciso mostrar minhas letras a quem? Hoje sei bem quem pode me ler. Sei bem o que tento escrever. Eu sou uma tradução de um livro que ainda está sendo escrito. Hoje eu não consigo dar letras para sentimentos e talvez nem deva. Por que será que somos assim iletrados quando é para falar do coração?

É curioso como não sei dizer quem sou.
Quer dizer, sei-o bem, mas não posso dizer.
Sobretudo tenho medo de dizer porque no momento
em que tento falar não só não exprimo o que sinto
como o que sinto se transforma lentamente no que eu digo."

Clarice

6 comentários:

adri antunes disse...

Lu, muito amada, te guardo um carinho enorme e como vou pra porto em janeiro, se estiveres por lá, quem sabe marcamos de nos ver e nos conhecer de verdade?! um bjuuu enormeee!

maybe disse...

I'm appreciate your writing skill.Please keep on working hard.^^

Maria disse...

Adorei o trocadilho do título! Trocadilho e de sentido duplo. Deixou o texto ainda mais genial.
:)

Renata de Aragão Lopes disse...

"Sou passivel
de leitura e tradução?
Alguém é?"

Acho que não.
Impossível ser lido e traduzido
um livro ainda em construção.

Mal escrevemos uma página
e já nos deparamos
com outras em branco!

Mas isso não é, enfim,
maravilhoso? : )

Beijo, querida!

Andrea Mari disse...

e seguimos construindo este livro instigante que é vida...cada pagina em branco misterio e surpresas, espero que as melhores para quem procura decifrar se mais e mais a cada dia!
bjoss
adorei o jeito que escreves!

Dois Cafés disse...

Oi, Lu! Nos escrevemos e reescrevemos a cada centésimo de respiração, não? A criação é plena, viva e contínua. Sempre sábia a nossa querida Clarice.

Um feliz Natal e um 2010 todinho para você "escrever"!

Um beijão!