segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

"You never know what's coming for you"

Ontem assisti ao filme "O curioso caso de Benjamin Button". Desde o momento em que as luzes do cinema acenderam já comecei a formular pensamentos e teorias próprias sobre esse filme, que pensei em dividir com quem passa por aqui. É dificil, mas vamos lá.
A frase que primeiro me vem à mente é a que a mãe do protagonista lhe pergunta depois que ele regressa de um longo período longe de casa:

"Então? O que lhe aconteceu de bom? O que vale a pena que repitas para mim?"

Ah, pois é... O que será que faz valer a pena ser repetido de tudo o que ouvimos e vivemos em um dia, em um mês, em um ano? Em uma vida? O que é que estamos contando por aí que nos marca? O que vale a pena postar num blog, por exemplo? Fiquei me perguntando quantas vezes reproduzimos coisas que não interessam, quantas vezes falamos por falar, contamos histórias que não trazem nada de novo.

Mas falando mais sobre o filme: é longo, e faz a gente ficar se remexendo na poltrona. Pelo desconforto físico das horas sentada mas pelo desconforto psicológico também. Ele gera uma série de reflexões sobre a vida, a morte e nossas escolhas. Acho que todos sabem que a história é de um homem que nasce velho e vai rejuvenescendo fisicamente à medida que o tempo passa. A idéia achei incrível. E os fatos que vão lhe acontecendo na verdade não são diferentes aos de um ser humano qualquer. Sua necessidade por descobrir-se, o medo de perder quem se ama, a necessidade de ser aceito.

Tem muitas outras coisas que foram acionadas em minha mente nesse filme, que eu não conseguiria reproduzir assim de uma vez aqui. Mas uma coisa esse filme me fez refletir: parece um pensamento pesado, triste, mas não é: Fiquei pensando que na verdade, na vida, estamos todos sós.

É como se a vida fosse um trem e vamos passando pelas estações, conhecendo novos companheiros de viagem. Uns ficam ao nosso lado por quase todo o trajeto. Outros descem antes do esperado, outros ficam mais tempo do que gostaríamos. Mas no final das contas, é cada um por sua conta e risco, com sua bagagem em mãos e suas escolhas. O filme traz muito isso: de que cada escolha marca nosso "destino", e que somos responsáveis por ele e fazemos dele o que quisermos ou pudermos. E cada um de nós tem um dom, e dá o sentido que deseja e que pode a sua própria vida. Mas também é um filme que fala de amor. De um amor que vence o tempo cronológico. Porque dentro de nossas tantas escolhas em uma vida, vem a de poder optar por quem estará ao nosso lado, quem elegemos para dividir a viagem conosco.

Talvez nem seja essa exatamente a moral do filme. Mas foi o que ele me provocou. Quem sabe se em algum outro momento eu lembrar de outra coisa eu venha aqui contar.

"For what it's worth: it's never too late or, in my case, too early to be whoever you want to be. There's no time limit, stop whenever you want. You can change or stay the same, there are no rules to this thing. We can make the best or the worst of it. I hope you make the best of it. And I hope you see things that startle you. I hope you feel things you never felt before. I hope you meet people with a different point of view. I hope you live a life you're proud of. If you find that you're not, I hope you have the strength to start all over again"

2 comentários:

Daniel disse...

plagiaram o woody allen, que disse que seria perfeiro nascer velho e ir "encolhendo" até voltar pro útero, o que ele definiu como "passar 9 meses em um spa de luxo".

achei excelente e com a duração necessária para uma história de amor dessa grandeza. esse tipo de assunto não dá pra acelerar ou resumir.

Luciane Slomka disse...

Acho que o Woody Allen sempre disse tudo antes de todo mundo, de tão bom que o homenzinho é.
E concordo contigo quanto a duração do filme. Amor não se acelera nem resume. Se vive sem tempo.