domingo, 21 de dezembro de 2008

Ninguém morre sabendo



Depois de descobrir que meu irmão também tem um lindo e excelente blog (http://www.convulsão.blogspot.com/) li essa frase que é título desse post, que é dele, mas que gostaria que a autoria tivesse sido minha.
Ninguém morre sabendo.
Diz tudo. Quanto mais velhos vamos nos tornando, mais temos que ir abandonando a certeza, apredendo a fina arte de lidar com a insegurança, com a dúvida, torná-las nossas companheiras de viagem, aprender a respeitá-las. Temos que abandonar aquela pressa adolescente, aquelas afirmações cheias de certeza, porque a cada dia novos acontecimentos nos afirmam que temos sempre muito menos controle sobre nossa vida do que gostaríamos. Nunca sei se acredito ou não em destino, ou naquela famosa frase "o que é teu tá guardado". Pode até estar, mas eu não posso esperar que o que esteja guardado venha até mim. Sou eu quem tenho que buscar isso. Mas como fazer isso sem pressa? Como fazer isso sem pular etapas, sem viver tudo que é preciso ser vivido?
Tem uma história linda sobre uma criança que descobriu que lagartas viravam borboletas. E ela queria muito ver essa transformação. Um dia, ao ver um casulo, pega-o e, impaciente demais para esperar, coloca o casulo em suas mãos e começa a assoprar seu hálito quente sobre o casulo, para que a borboleta pudesse nascer logo. Foi então que a borboleta nasceu, mas suas asas ainda não tinham se formado o suficiente antes do casulo se romper. Não conseguindo abri-las, ela morreu. Foi então que a menina aprendeu a lição de não apressarmos as coisas, de compreender que há um tempo externo e outro interno, que geralmente não coincidem, e que é preciso paciência.
Ninguém morre sabendo. Todos morrem sem saber, sem entender. Mas acho que sábio é aquele que sabe que não entende, e que ficar fazendo força em compreender sem viver é desperdício de tempo.

4 comentários:

Henrique Crespo disse...

"nunca sei ao certo
se sou um menino de dúvidas
ou um homem de fé
certezas o vento leva
só dúvidas continuam de pé."
(Leminski)

"As certezas são mais inimigas da verdade do que as mentiras"

Enfim, se tem algo que aprendi com a idade foi que tenho muito mais perguntas que respostas. E que as certezas nos distanciam da sabedoria.

marcelo disse...

Adorei que tu gostou! Não vamos parar! Fazer nossos blogs conversar! Bjão!

Luciane Slomka disse...

Valeu pela força e incentivo por aqui, Rick. Lindas as frases. A segunda é de quem?

*****

Irmão querido, tu é dez. Vamos sim!

Beth disse...

Um texto da Clarice Lispector que publiquei há algum tempo:

"Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo."

Clarice Lispector

Muitos beijos! Ah! Pelo visto o talento para escrever é de família! Vou dar uma olhada no blog do teu mano!