segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Pequenas gravidades

Eu não sei que peso a gravidade exerce sobre mim, o quanto ela me puxa ao solo e o quanto eu luto para seguir flutuando para enxergar além das obviedades. Eu quero sentir o chão sob meus pés, eu quero solo firme, solo fértil, quero realidade, quero presença. Mas tenho medo que essa concretude me impeça de voar. Eu, que sempre fui aérea, eólica, aquática, mas nunca antes terrena e arenosa, percebi há algum tempo que é preciso também apredender a se materializar.

A gravidade não é grave. Grave é não ter asas, grave é temer a gravidade.


Ser complexa é dificil nos dias de hoje. O mundo pede resolutibilidade. Eu quero ser simples e complexa. Organizada e complexa. Terrena e sobrenatural. Será que dá para me entender? E parece que quando fico mais complexa, quando começo a flutuar, a gravidade me puxa, me faz voltar, e eu deixo para trás as coisas que eu escrevo na minha mente. E quando as perco do papel elas se perdem de mim, as palavras. Eu visito sensações e idéias que não conseguem virar palavras e isso me estremece. É como se estivessem mil palavras à minha espera, esperando para serem escritas. Mas que presunção, então eu penso. Milhões de palavras são ditas e escritas todos os dias, por que logo as minhas?


Talvez o desafio da vida seja justamente esse, de poder ser grave, de sentir a gravidade, os pés no chão sem deixar de gravitar. Será que as pessoas conseguem fazer isso? Eu teimo em acreditar que sejamos ou terra ou ar. Eu acho que é possível esse encontro do devaneio com a responsabilidade.


Sinto que a hora da escrita vem chegando. Quem sabe ela seja a resposta, a aliança entre terra e ar. Dar ao devaneio um destino concreto, palpável. Transformar o sonho em folha. Talvez seja isso chegar na maturidade. Ainda não sei, sigo caminhando, gravitando, refletindo, escrevendo. Sabe-se lá onde isso tudo vai parar.

5 comentários:

Carol Passuello disse...

Que bom que tu voltou! Tava com saudades!
Bjs

nadia disse...

Lu, andei afastada, é tão bom voltar e te ler, amada&amando, inspirada&inspiradora, voadora e grave,plena! beijooo

Kelen disse...

Eu sou água, mas vivo sempre entre a terra e o ar.
:)

Renata de Aragão Lopes disse...

"Transformar o sonho em folha. Talvez seja isso chegar na maturidade."

Escrever e subscrever. Assumir cada uma das letras pronunciadas. Pregá-las na testa: à vista de todos e do espelho.

Bonita reflexão, Lu!

Um beijo,
Doce de Lira

Maritza disse...

Oi, queri! Queria muito te fazer um convite, para onde te escrevo e/ou ligo?
Beeeijos!