segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Ímpar

Acontece em algumas tardes, quando a gente começa a olhar para os próprios pés dando passo após passo por uma rua qualquer e sente o impacto do asfalto fazendo o corpo todo vibrar e pensa: "Sim, eu estou aqui bem viva e talvez eu não precise muito mais do que esses passos, do que essa minha vontade de caminhar". São tardes quentes, tardes de chuva, tardes de vento. Pequenos momentos gigantes de amor puro e verdadeiro para com a pessoa que mais importa no mundo. A estima pelos poros, pelas lágrimas, pelas saudades já sentidas, pelas esperanças perdidas, pelos desejos que ainda nem se revelaram, pela vontade de se conquistar. É bom ser feliz por só ser. É bom respirar sem tropeços, é bom ter asfalto sob os pés e nuvens dentro dos olhos. É bom caminhar. Com ou sem rumo. E depois, somente depois, dessa sensação poderosa, é que a gente consegue enxergar -ah, e que visão - que pode existir outro par de pés que podem caminhar ao lado. E consegue sentir - e com que arrepio - que há uma nova cadência regendo o asfalto conosco. E esse ritmado de quatro pés vira sinfonia. Novos pés que nos acompanham e que trazem consigo uma mão calorosa para se entrelaçar à nossa, pés e mãos que a gente escolheu e permitiu que ali estivessem. Pés para os caminhos que se decidirem abrir. Pés para se entrelaçarem na cama e mudar o mundo. Pés para seguir respirando e agradecendo. Em cada uma dessas tardes, em mim.

Um comentário:

Nadia disse...

Lindo LU, abençoados momentos de cumplicidade e felicidade gratuita, aproveita cada minuto!
beijo