terça-feira, 31 de agosto de 2010

Des-abafos

"Quando a felicidade chegar tenha o cuidado de olhar em sua bagagem para certificar-se de que ela já não pesa demais e que ainda há espaço para o novo. Espero que não tenhas permitido que as rodinhas dela tenham quebrado e o zíper emperrado. Há que se fazer lugar para ela porque ela é matreira e fugidia. Não tente carregá-la consigo porque ela não é coisa, não é o destino, é somente mais um caminho. As vozes ao teu redor tentarão te atrair para os pequenos hojes e as pequenas raivas mundanas. E precisarás dessas coisas também, para respirar um pouco. A verdade sufoca, às vezes, quando em excesso. Mas essas pequenas tristezas e os grandes dramas que nos contam são também nossos e o cansaço é permitido desde que seja louvado ( e não propagandeado). Eu não tenho medo da minha bagagem e nem do meu cansaço. Eu tenho medo é dessa anestesia que me rodeia. Eu tenho medo é dessas palavras sem boca que voam por aí virando vocabulário do mundo. Eu acredito que preciso descansar um pouco da minha alma inquieta, mas talvez não. Talvez eu tenha passado a vida toda descansando e agora o que eu preciso é da exaustão. Do irracional e do ilógico, porque eu não suporto mais esse apaziguamento retido. Eu não suporto mais falsos moralismos, lições prontas, frases feitas, roupas que não me cabem e auto-enganação"

2 comentários:

flower disse...

Aiiii Lu, agora to viciadinha no teu blog. Quause todos os dias entro para ver o que vc tem a ensinar. Quando eu crescer quero aprender a escreve assim. Beijocas, adorei o texto.

Renata de Aragão Lopes disse...

Como disse no Doce de Lira,
felicidade é acidental...

Um beijo, querida!