terça-feira, 31 de agosto de 2010
Des-abafos
segunda-feira, 30 de agosto de 2010
Ímpar
 Acontece em algumas tardes, quando a gente começa a olhar para os próprios pés dando passo após passo por uma rua qualquer e sente o impacto do asfalto fazendo o corpo todo vibrar e pensa: "Sim, eu estou aqui bem viva e talvez eu não precise muito mais do que esses passos, do que essa minha vontade de caminhar". São tardes quentes, tardes de chuva, tardes de vento. Pequenos momentos gigantes de amor puro e verdadeiro para com a pessoa que mais importa no mundo. A estima pelos poros, pelas lágrimas, pelas saudades já sentidas, pelas esperanças perdidas, pelos desejos que ainda nem se revelaram, pela vontade de se conquistar. É bom ser feliz por só ser. É bom respirar sem tropeços, é bom ter asfalto sob os pés e nuvens dentro dos olhos. É bom caminhar. Com ou sem rumo. E depois, somente depois, dessa sensação poderosa, é que a gente consegue enxergar -ah, e que visão - que pode existir outro par de pés que podem caminhar ao lado. E consegue sentir - e com que arrepio - que há uma nova cadência regendo o asfalto conosco. E esse ritmado de quatro pés vira sinfonia. Novos pés que nos acompanham e que trazem consigo uma mão calorosa para se entrelaçar à nossa, pés e mãos que a gente escolheu e permitiu que ali estivessem. Pés para os caminhos que se decidirem abrir. Pés para se entrelaçarem na cama e mudar o mundo. Pés para seguir respirando e agradecendo. Em cada uma dessas tardes, em mim.
Acontece em algumas tardes, quando a gente começa a olhar para os próprios pés dando passo após passo por uma rua qualquer e sente o impacto do asfalto fazendo o corpo todo vibrar e pensa: "Sim, eu estou aqui bem viva e talvez eu não precise muito mais do que esses passos, do que essa minha vontade de caminhar". São tardes quentes, tardes de chuva, tardes de vento. Pequenos momentos gigantes de amor puro e verdadeiro para com a pessoa que mais importa no mundo. A estima pelos poros, pelas lágrimas, pelas saudades já sentidas, pelas esperanças perdidas, pelos desejos que ainda nem se revelaram, pela vontade de se conquistar. É bom ser feliz por só ser. É bom respirar sem tropeços, é bom ter asfalto sob os pés e nuvens dentro dos olhos. É bom caminhar. Com ou sem rumo. E depois, somente depois, dessa sensação poderosa, é que a gente consegue enxergar -ah, e que visão - que pode existir outro par de pés que podem caminhar ao lado. E consegue sentir - e com que arrepio - que há uma nova cadência regendo o asfalto conosco. E esse ritmado de quatro pés vira sinfonia. Novos pés que nos acompanham e que trazem consigo uma mão calorosa para se entrelaçar à nossa, pés e mãos que a gente escolheu e permitiu que ali estivessem. Pés para os caminhos que se decidirem abrir. Pés para se entrelaçarem na cama e mudar o mundo. Pés para seguir respirando e agradecendo. Em cada uma dessas tardes, em mim.quinta-feira, 26 de agosto de 2010
eu

quarta-feira, 18 de agosto de 2010
18
Trazendo o dia dezoito como sua marca
E foi assim, em mais um dia dezoito,
que tu chegastes. E por aqui ficou.
Ficou porque eu consegui ficar também.
Ficou porque me alimentas e
me fazes estar mais comigo também.
Ficou porque me ensinou a ser tua sem lição nenhuma
Ficou porque me conquistou rápido e devagar
Criando uma velocidade só nossa,
que eu jamais poderia inventar.
Eu fiquei, tu ficastes, estamos ficando,
e assim vamos permancendo.
Que nossos dezoitos sejam muitos
que o amor nunca pereça frente aos desafios
frente a nossas dores, nossos medos,
e nossas novidades.
Que o dezoito seja sem fim.
sexta-feira, 13 de agosto de 2010
vendaval
eu quero que essa ventania não vá embora sem levar com ela as coisas que não quero mais, os modos que não me pertencem mais, as lembranças que em mim não couberem mais.
eu quero que essa ventania não vá embora antes de deixar comigo as marcas do que ela pode trazer, as notícias do que vem pela frente, a cadência do que estou em vias de conquistar, mesmo que as novidades sejam reinvenções do que já vivi.
amo o vento. amo o seu atrito suave, que não é sólido, não é líquido, nem é gasoso. o vento só é vento quando encosta nas coisas, quando tira as coisas do seu lugar, quando trepida e desorganiza. é o movimento que ele provoca que denuncia sua presença.
Eu quero ser vendaval.
segunda-feira, 9 de agosto de 2010
Pequenas gravidades
 Eu não sei que peso a gravidade exerce sobre mim, o quanto ela me puxa ao solo e o quanto eu luto para seguir flutuando para enxergar além das obviedades. Eu quero sentir o chão sob meus pés, eu quero solo firme, solo fértil, quero realidade, quero presença. Mas tenho medo que essa concretude me impeça de voar. Eu, que sempre fui aérea, eólica, aquática, mas nunca antes terrena e arenosa, percebi há algum tempo que é preciso também apredender a se materializar.
Eu não sei que peso a gravidade exerce sobre mim, o quanto ela me puxa ao solo e o quanto eu luto para seguir flutuando para enxergar além das obviedades. Eu quero sentir o chão sob meus pés, eu quero solo firme, solo fértil, quero realidade, quero presença. Mas tenho medo que essa concretude me impeça de voar. Eu, que sempre fui aérea, eólica, aquática, mas nunca antes terrena e arenosa, percebi há algum tempo que é preciso também apredender a se materializar.A gravidade não é grave. Grave é não ter asas, grave é temer a gravidade.
Ser complexa é dificil nos dias de hoje. O mundo pede resolutibilidade. Eu quero ser simples e complexa. Organizada e complexa. Terrena e sobrenatural. Será que dá para me entender? E parece que quando fico mais complexa, quando começo a flutuar, a gravidade me puxa, me faz voltar, e eu deixo para trás as coisas que eu escrevo na minha mente. E quando as perco do papel elas se perdem de mim, as palavras. Eu visito sensações e idéias que não conseguem virar palavras e isso me estremece. É como se estivessem mil palavras à minha espera, esperando para serem escritas. Mas que presunção, então eu penso. Milhões de palavras são ditas e escritas todos os dias, por que logo as minhas?
Talvez o desafio da vida seja justamente esse, de poder ser grave, de sentir a gravidade, os pés no chão sem deixar de gravitar. Será que as pessoas conseguem fazer isso? Eu teimo em acreditar que sejamos ou terra ou ar. Eu acho que é possível esse encontro do devaneio com a responsabilidade.
Sinto que a hora da escrita vem chegando. Quem sabe ela seja a resposta, a aliança entre terra e ar. Dar ao devaneio um destino concreto, palpável. Transformar o sonho em folha. Talvez seja isso chegar na maturidade. Ainda não sei, sigo caminhando, gravitando, refletindo, escrevendo. Sabe-se lá onde isso tudo vai parar.
 
