segunda-feira, 12 de abril de 2010

Ontem eu pulei do viaduto

Ontem eu pulei do viaduto. Pulei de bico. Me atirei porque quis morrer. Sem essa idéia romântica de depressão ou de desajuste na sociedade. Eu queria simplesmente morrer porque estava cansado. Cansado de ter que estar sempre fazendo escolhas, cansado de ter que pensar, cansado de ter que me relacionar com as pessoas e tentar entender como me movimentar nessa engrenagem delicada que é o outro.

Ontem eu pulei do viaduto. O nome dele é Viaduto Otávio Rocha. Nao escolhi nenhuma roupa especial para o salto. Nunca planejei morrer em grande estilo porque nunca achei que alguém se importasse de verdade. Pulei e tive um traumatismo craniano, fraturei três costelas, uma das quais perfurou o meu pulmão e também quebrei a clavícula. Isso torna minha respiração dificil hoje.

Ontem eu pulei do viaduto e percebi que várias pessoas se aglomeraram à minha volta. Não sei se por piedade, por curiosidade, por ver como fica alguém que chega a esse ponto em sua vida. Mas pensei em quem não tentou me impedir de pular. E como não conseguiu mais tentar e porque não conseguiu mais tentar. Ninguém jamais poderia ter me impedido de pular. Não se eu realmente quisesse. Então eu não poderia esperar que alguém me freasse. E eu pulei porque ninguem me freou. Mas acho que no fundo eu nunca quis pular. Eu queria saber se alguem se importava o suficiente para se esforçar em me frear.

Ontem eu pulei do viaduto criando essa história fantasiosa sobre um cara que quer se matar se atirando de um viaduto. Porque sim, viver é complicado. Porque sim, decisões envolvem responsabilidade. Porque sim, a gente perde pessoas e momentos da vida por imaturidade ou por falta de capacidade de compreensão. Porque sim, eu quis criar uma realidade onde eu cometia o suicídio. Não sei o quanto há de covardia ou de coragem nesse ato. O fato é que ontem foi meu aniversário e eu pulei do viaduto da Borges em pensamento. Cometi outros suicídios ao longo da vida, tenham certeza. Dos mais lentos e amargos aos mais inocentes.

Ontem foi meu aniversário e eu, fantasiosamente, nasci de novo. E então pensei na pessoa que eu gostaria que pudesse ter me impedido de saltar. Todo mundo precisa ter essa pessoa, mesmo não sendo ela a responsável por impedir qualquer ato que a gente opte em fazer. Porque não é ela quem te impede de saltar. É porque é ela quem te faz querer ter os pés bem aqui no chão.

12 comentários:

Dois Cafés disse...

humm... pulou? ontem foi ontem mesmo? puxa, sábado e ontem eu pensei em você.

Maria disse...

Bom mesmo é renascer a cada dia. Mas não é preciso saltar de um viaduto para tal ou esperar pra ver se alguém se importa. Bom mesmo é você se importar consigo e saltar diretinho para uma vida longa, complicada, simples, doce, azeda, amarga, saltitante... exatamente como há de ser uma vida!
Boa semana na vida nova!!!! E, quanto ao pulmão, ele cicatriza, assim como o faz o coração.

Carol Passuello disse...

Que bom que tu não pulou!!!!!
Se eu pulasse, seria para dormir para sempre! Que sono que eu tô!!!!
Bjs

Fran disse...

Se pular viadutos em histórias imaginárias ignificar refletir a vida e renascer cada dia uma Luciana nova, mais madura, mais reflexiva, porém aproeitndo mais a paz que o desespero que uma reflexão profunda acerca d "eu" possa trazer. Se pular viadutos significar se dar uma nova chance, olhar a vida e as essos de um outro prisma, eu nada mais tenho a lhe desejar no ia do seu (re)nascimento do que : "Que você pule muitos viadutos!!". Boa semana, seja feliz!
Abraço

pensar disse...

oi querida,

Pessoas q nos botam os pes no chao, ou sera q qdo estamos com os pes no chao estamos com a sensacao de estamos com a sensacao de estar nas nuvens?
Tudo eh ponto de vista e nao vista no ponto.
Um lindo dia para ti
bjos

Luciane Slomka disse...

Oi Dani! Pulei sim, mas eu tenho asas! E tenho quem me faça querer ter os pés no chão, mesmo voando alto!! E não, meu aniversário ´´e só em julho!!! O aniversario foi só para a criação da história! :) Beijo!
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Falou bem, Maria!! Obrigada!
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Marcos, sinceramente? Não entendi teu comentário, mas ok, tu tem crédito por aqui:)
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Amigaaa! E se eu pulasse, seria para levantar voo e pousar direto aí na tua casa para conhecer os meninos e matar a saudade!!!
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Fran, tu entendeu tudo!!! Obrigada!! Abração!
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Linda Mari, obrigada! Um lindo dia para ti tb! Bjo!

Anônimo disse...

A gente morre um pouco todo dia...

Beijos.

Fashion Dream disse...

aah to seguindo , segue ai tbm , bjs .

Lua em Libra disse...

Ai, Lu. Eu entendi tanto esse texto teu, mas tanto, que doeu e eu quase saltei atrás do personagem. Não porque acredito no salto, mas por acreditar no mote. Porque - como ele e todos (minha sexta década me diz ser assim)- eu também quis alguém que me convencesse do contrário. Alguém que se importasse, alguém que era uma força em mim e que eu tinha preguiça em alcançar. Adorei. Mexeu, viu? Beijos e saudades.

Sonia Pires disse...

Acredito de uma forma imaginária todos nós já pulamos no viaduto da borges, pelo menos uma vez. Tem dias, que a reflexão nos faz tristes, mas graças também a esses dias, conseguimos força e renascemos melhores e mais fortes para buscar a felicidade.

Nádia Lopes disse...

Ah, LU..eu não sou normal, e sei disso por que eu nunca quis pular, nunca quis sumir de verdade, nunca achei que saída seria essa,viver é uma linda vingança, feliz então nem se fala... De um jeito meio estúpido e pollyanesco sempre penso outra saída, mesmo que muitas vezes ninguém me prenda os pés no chão ou me garanta que o võo ou a permanência vai vale a pena, eu creio e vejo, por pura vontade de acreditar e me vencer...
beijoooo grande

ARCCOV disse...

quero convidar a todos para pularmos juntos, em busca de uma Revitalização e Humanização este monumento unico na América do do Sul.