
Por insistência de amigos e colegas do hospital entrei no site Bicho de Rua para ver algum gato que pudesse me interessar, já que cachorro em apartamento é complicado, ainda mais para quem vive sozinha e fora de casa o dia todo.
Mesmo apreensiva, adotei. E adorei. Hoje a Amy vive comigo no meu cantinho e digo sem medo de errar que foi uma das minhas melhores atitudes do último ano.
Gatos não são como cachorros. São diferentes. Uma grande amiga uma vez me disse “Cachorro a gente tem. Gato a gente convive”. Essa frase nunca saiu da minha cabeça e ela cabe muito bem para os relacionamentos humanos.
Quantas vezes tratamos pessoas como cachorros, julgando que eles sintam amor incondicional por nós, que podemos xingar, afastar, bater e eles estarão sempre lá, abanando os rabinhos com a língua de fora sempre que NÓS precisamos deles.
Gatos são diferentes. Eles vem receber carinho porque querem. Eles dão carinho quando querem. Isso às vezes irrita? Lógico. Mas é um exercício de convivência. E assim como com os gatos, não podemos ter o carinho do outro só quando nós precisamos. Precisa ser na hora em que esse outro também esteja disposto a dar esse carinho. E precisamos retribuir também. Respeitar. Um gato quando é machucado ou pisado, mesmo que acidentalmente, se afasta, se ressente, e não é assim tão simples se retratar quanto com um cachorro.
Gatos são sensíveis. Eles passam a conhecer o dono e seus humores de uma maneira incrível. Minha gata sente quando eu estou triste, quando eu estou mais quieta. Se aproxima e me afaga quando eu choro. E ela também tem os dias dela. Às vezes está agitada quando eu não gostaria, recolhida, às vezes um pouco agressiva. Mas eu preciso aprender a respeitá-la também. Saber conviver e entender. Ela não gosta de grude. Ela gosta de presença. De apenas sentir meu calor por perto.
É. Temos muito o que aprender com os gatos. Porque amor se conquista com troca, não com imposição.