terça-feira, 22 de novembro de 2011

Parada

Será que você consegue compreender o que eu sinto? São apenas pequenos medos, aqueles de sempre. Um medo rápido que eu sempre sinto nas quartas-feiras é aquele em que eu começo a enxergar cada vez menos ouvidos à minha frente. Sabe, não há mais gente que saiba escutar. As pessoas amam falar e não suportam ouvir. Eu tenho medo de não ter com quem calar. As melhores coisas são aquelas que a gente consegue dizer com a boca depois de lamber com a alma. Sabe lamber um pensamento? Saliva também é ácida, suaviza e aliza as idéias. As boas se apuram, as idiotas afogam. Vai chegar um dia que todo mundo vai se encantar com programas de televisão e vai deixar de ouvir uma música linda só porque ela não está alta o suficiente para tirar as pessoas de suas ficções. Eu não sei o que eu sinto, eu tenho raízes amarradas com as de tanta gente e ainda assim igual a minha história ninguém tem. Mas eu gosto de enxergar aquelas pessoas com quem eu sei que divido sementes. No dia em que eu me embriago eu consigo sentir as minhas pernas bambas e isso me faz me sentir um pouco menos ridicula. Um pouco menos ingênua. Eu saio beijando bocas que não existem porque eu sou um pouco afônica. Ok, você nem sabe das minhas lutas, sei que você nem sabe de verdade quem eu sou, mas eu te olho nessa página e crio uma vida inteira para você. E na minha cabeça você é realmente ótima, sabia? Ótima e com muita sorte. Ótima e sempre cheirosa e pronta. Eu sigo sempre atrasada e sempre em vias de. Hoje essa luz está um pouco mais fraca que o de costume. Por ora nada gira, eu tomo uma coca-cola com bastante gelo no meu copo, acendo meu cigarro e paro de pensar.

Nenhum comentário: