Enquanto o mundo anda maquiado, eu sigo com a cara lavada.
Enquanto outras unhas estão sempre pintadas, as minhas vão se quebrando cruas, por aí.
Já faz tempo que não sei atuar, que não sei dançar conforme a música, que não sorrio com facilidade.
Ainda assim, fico olhando para esse mundo perolado e sei que sou parte dele, que faço parte do grande teatro e que talvez tudo isso que sinto não passe de uma enorme vaidade disfarçada de comiseração.
Mas não sei de festa alguma; sei mesmo é da peça de nossos tempos, onde tudo parece palco sem bastidores. Ninguém esconde mais nada dos outros para seguir escondendo de si próprio. E talvez eu mesma, com essa necessidade de me esconder e reencontrar minhas coxias, de abandonar por um tempo esse grande palco, seja a maior e mais astuta atriz que já conheci.
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Um comentário:
Muito profundo e interessante!!! Me identifiquei!! Parabéns!!
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