sexta-feira, 9 de setembro de 2011

das capacidades de se ser fragmentada

eu funciono em pedaços que são conectados por fraçõesdesegundosdeconsciência, misturados com meus pequenos delírios, com as inúme ras fantasias e todas as caixas de medo que carrego em meus corredores.

eu funciono em pe da ços quevi vem

como uma massa compacta que me faz assim como sou. percebo esses fragmentos

em muitas vezes como que agindo por conta própria, fragmentos livres de subjetividade e pequenas alegrias, soltos por aí procurando conexões. E eles vão sem destino, sem prazo de retorno e

eu não me assusto com isso. porque sei que eles retornam. retornam mais cheios, retornam mais crispados, com novos contornos que eu preciso avaliar antes de recebe-los completamente.

eu vivo de fagocitoses quase eletivas.

eu funciono em pedaços quentes e gelados, que deslizam hora como uma massa gelatinosa, hora como pedaços de algodão. por vezes parecem cimento,

mas
quase
sempre

são suaves. acompanham o fluxo do meu sangue e o ritmo descompassado do meu coração.

meus pedaços todos gostam de dias chuvosos como os de hoje.

Eu me encharco e incho.
Eu me fertilizo para que esses pedaços não parem de florescer.

4 comentários:

Talita Prates disse...

amei, Lu.

o beijo!

Tá.

Casmurro disse...

Oi Lu, finalmente encontrei seu blog. realmente escreve muito bem. Parabéns.
Bj
Neto

Rubem Penz disse...

Luciane, é de tirar o chapéu! Parabéns
Encontrei o blog pela aproximação promovida pela Lóris.
Abraços, Rubem

Andrea Perrot disse...

Gostei muito das "fagocitoses eletivas". não sei, mas pra mim soou paradoxalmente simples e complexo.
Já vi que gostas de Clarice. Segue, então, meu preferido. É assim, quase uma minha definição:

"Composta por urgências: minhas alegrias são intensas;
Minhas tristezas, absolutas.
Entupo-me de ausências, me esvazio de excessos.
Eu não caibo no estreito, eu só vivo nos extremos.

Eu caminho desequilibrada em cima de uma linha tênue entre a lucidez e a loucura.
O que tenho de mais obscuro é o que me ilumina, e minha lucidez é que é perigosa."

(C.L.)

Grande beijo,
Andrea Perrot.