
Com ela, tudo o mais partiu-se e partiu: Me despersonifiquei, me descorporifiquei, me desossei.
Hoje eu sou uma nuvem de idéias e filosofias baratas. Venho tentando me reorganizar e encontrar um novo corpo. Porque dores sem corpo não podem existir. E almas sem dores menos ainda. Procuro um corpo para alugar a minha dor.
Nesse meu necrotério não há esquecimento nem rasgos. Resta apenas uma sutil perplexidade. As pessoas não parecem mais humanas e eu escolhi permanecer me sentindo morta assim. Isso não é ruim. Não é solidão. É simplesmente um perído de autópsia que me traz uma vaga sensação de distanciamento, de pausa, como se agora eu estivesse regulada por uma velocidade íntima e particular.
Eu não morro por ninguém, mas vivo porque amo. Perdão, mas continuarei morta por mais um tempo. Até que meu óbito me faça sentido e esse meu cadáver dissecado volte a irrigar meus sonhos, minhas veias, e o cálcio fortaleça meus ossos para os meus próximos suicídios.
2 comentários:
Fantastico bonita.
Próximos suicídios. A quanto mais terei(mos) que (nos) dar?
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