terça-feira, 12 de julho de 2011

Esse corpo que deita ao meu lado

Esse corpo que deita ao meu lado dorme e não sabe que eu o olho e que enquanto eu o olho eu sinto dor. Sinto dor porque eu não o entendo completamente. eu ainda não decifro cada silêncio, eu ainda não compreendo cada respirar, cada olhar. Eu não sei quando a dor que me dói é a dor que lhe dói e que eu possa, então, ajudar a aplacar. Eu ainda não sei que meu silêncio corpo presente pode ser um carinho imenso e que as coisas que eu não falo podem ser as que mais irão fazer sentido para sua dor. Eu ainda não sei bem dos nossos novos silêncios.



Esse corpo que deita ao meu lado sabe que eu sei que ele anda no comando de uma alma que o ocupa e que eu gostaria tanto de enxerga-la toda e mostra-la para que ele entendesse que essa dor não é dele. Mas então minha alma enxerga o corpo dele e faz com que eu enxergue o meu próprio corpo quebrado e então minha alma, o corpo dele, a alma dele e meu corpo se mostram a mim como se estivessem num debate furiosamente calado. São quatro moradores de uma casa que sente nossos vazios, que também não oferece palavras de conforto algum para nossas dores. São batalhas pessoais, e eu olho para esse corpo que deita ao meu lado e me comovo com nossas lutas individuais em nossa deliciosa e dolorosa companhia.



Eu olho para esse corpo que deita ao meu lado e ele é o meu.

Um comentário:

ELtaura disse...

O meu silencio esta so nas palavas