Que o vento desmanche tudo que é concreto
Que possamos estar certos que certeza não há
Além da vontade de ser mais
Que o vento desmanche tudo que é concreto
Que possamos estar certos que certeza não há
Além da vontade de ser mais
Ah, se antes ela soubesse que a verdade é como o vento, que quando sopra constante dá continência e define contornos...
Ah, se antes ela soubesse que o amor é coisa delicada, que se constrói com cuidado, sem pressa, sem sonho mas com ideal.
Ah, se antes ela soubesse que beijo é presente e não consolo.
Que sorriso é entrega e não mero agrado.
Ah, se antes ela soubesse que confiança é cristal raro, e mais: se soubesse que é digna de um amor que percebe, que nota sutilezas, que nota distanciamentos, nota fugas e mentiras.
Se antes ela se soubesse especial e diferente como se sabe hoje, não arriscaria a confiança alheia com ferimentos só para testar sua existência.
Hoje ela existe para si e sabe. Ela merece e sabe.
Hoje não é mais ontem. Mas ontens existem para isso.
Ela agora o sabe
Mas se antes soubesse, teria sido diferente o rumo de sua história?
Há que se esquecer dos ontens e amanhãs e compor-se somente de hojes.
Para sempre.
Uma vez me disseram que parecia que eu vivia a minha vida como se fosse um conto de fadas ou um filme.
Acho que já foi assim, sim. Hoje eu acho que vivo bem na realidade. Em sua parte dura, cruel e implacável mas também em sua parte emocionante, excitante, aventurosa. Mas que a fantasia me ajuda a enfrentar momentos difíceis, que o sonho, a ilusão e a esperança muitas vezes me alimentam e são muletas para me ajudar a caminhar, são mesmo.
Porque a arte e o devaneio alimentam a gente. E porque eu não posso deixar de acreditar que a gente pode mudar de verdade e ser feliz de verdade. E esse filme é um dos contos de fadas que me faz acreditar na chance do real.
Já aprendi que não existem anjos, mas tenho certeza de que eu posso voar.
Hoje preciso escrever. Preciso dizer que ontem, depois de muito tempo, ouvi a música High Hopes do Pink Floyd, e fiquei pensando nessas tais hopes que a gente vai construindo ao longo do tempo. Ideais que a gente tem arquietetados para nossa vida, para as pessoas que nos rodeiam, e que, lógico, vão se adequando à realidade e perdendo todo aquele encanto do inatingível "ideal".
Acho que ando melancólica. Mas ontem senti um cansaço por tantas esperanças ainda esperadas. Uma falta de fôlego pelas expectativas que ainda não cumpri. As minhas próprias, que geralmente são muito maiores do que as dos outros.
E, ao meu redor, pessoas que não conseguem lidar com um não, pessoas que só querem um não, pessoas que temem o sim, pessoas que querem garantias antes mesmo de arriscar, pessoas que nem mesmo sabem para onde estão indo, pessoas com medo,... pessoas, pessoas. Onde eu fico em meio a isso tudo? Então me pergunto: será que sou eu quem aceita um não fácil demais? ou então quem diz o não cedo demais? Será que sou eu quem, pior ainda, fica esperando demais por um sim ou um não antes de tomar as atitudes que eu desejo? Como é dificil achar o nosso lugar interno quando há tanto barulho ao redor... Preciso de um spa(ço) mental de mim.
E hoje, como presente para mim mesma achei que eu ia conseguir ir ao show do Jorge Drexler, que seria bem esse momento de paz que eu tanto preciso, mas não deu certo. Acho que vou ouvir ele na minha casa mesmo, e tentar achar esse espaço na marra.
Porque (eu sei, é ridículo) tem dias que eu queria ser a Ana Maria Braga.
Tinha um post aqui entitulado Laços. Mas não tem mais. Certas horas é preciso saber quando calar. Quem leu, leu. Quem não leu, talvez não tenha perdido nada demais.
Porque ao contrário da palavra e da flecha, que quando lançadas, não tem volta, um post de blog tem. Ainda bem.