domingo, 31 de maio de 2009

sexta-feira, 29 de maio de 2009

A felicidade, desesperadamente

"Segundo o autor, a felicidade interessa a todo mundo, pois cada homem a procura, principalmente os filósofos, que desde o surgimento da filosofia a tinham como objeto de reflexão.

Contudo, os filósofos da segunda metade do século XX deixaram de considerá-la um problema filosófico. André Comte-Sponville resgata a felicidade determinando-na como meta da filosofia e a verdade como a norma da filosofia. Isso porque apesar de buscar a felicidade, o verdadeiro filósofo opta por uma tristeza real a uma felicidade ilusória.

O autor diz que a sabedoria é necessária por dois motivos: porque somos infelizes e porque somos mortais. Quando temos tudo para ser feliz e não somos, é porque nos falta sabedoria. E sabedoria é saber viver, aprender a viver. Sponville cita o desejo, conceituado por Platão como aquilo que nos falta. E ser feliz é ter aquilo que desejamos. Mas no momento que temos o que desejamos, o desejo acaba, pois aquilo já não nos falta mais. Então procuramos por outros objetos de desejo. "Na medida que o desejo é falta, a felicidade é perdida". Segundo George Bernard Shaw, "há duas catástrofes na existência: a primeira é quando nossos desejos não são satisfeitos; a segunda é quando são".

O autor chama de "armadilhas da esperança", porque quando esperamos a felicidade e ela não é satisfeita, sofremos e nos frustramos. Quando é satisfeita, nos entediamos e nos frustramos também. Para escapar deste ciclo o Sponville sugere três estratégias: se divertir para esquecer, alimentar novas esperanças (fuga pra frente) e depositar esperanças em outra vida (salto religioso). Apesar da sugestão, acha as alternativas insuficientes. Entretanto, Platão, Pascal, Schopenhauer e Sartre, ao falarem dessa felicidade esperada, se esqueceram ou subestimaram o prazer e a alegria. Prazer e alegria existem quando desejamos o que fazemos, o que é, o que não falta, Sponville define isso como felicidade em ato.

Além disso, para ele, Platão, Pascal, Schopenhauer e Sartre esqueceram também de separar o desejo da esperança. Para ele é possível desejar o que não falta, mas não é possível esperar o que não falta. Diferencia a esperança em três tipos: a platônica, relativa à falta, onde esperar é desejar sem gozar; a que se refere à ignorância a partir do desejo, onde esperar é desejar sem saber, afinal, nunca esperamos o que sabemos; e aquela que é um desejo cuja satisfação não depende de nós, onde esperar é desejar sem poder. Para desejar o gozando, temos o prazer. Para desejar sabendo, temos o conhecimento. Para desejar podendo, temos a ação.

A esperança é um desejo que não depende de nós, enquanto a vontade é um desejo que depende de nós. Não há esperança sem temor, nem temor sem esperança. O contrário de esperar é saber, poder e gozar. "Só esperamos o que não é; só gostamos do que é". O autor propõe uma felicidade desesperadamente. Mas que não seja o desespero do suicida, mas simplesmente uma felicidade sem esperar.

Para Spinoza o sábio não tem temor, logo, não tem esperança. O autor recusa o amor conceituado por Platão como "desejo do que falta", para dar suporte à definição spinozana, que trata o amor por potência, alegria. Sugere que as pessoas não amputem suas esperanças, mas que aprendam a pensar, querer mais e amar melhor.

A felicidade não é absoluta, mas um processo."

quinta-feira, 28 de maio de 2009

P.S. I love you

Eu já vi o início desse filme umas 847 vezes, e sempre por algum motivo ou outro eu tenho que parar de vê-lo. Eu dificilmente me desinteresso por algum filme no meio. Precisa ser MUITO chato. Ainda mais esse, que tem todos os componentes que eu gosto nos meus momentos de filmes americanóides-água-com-açucar. O fato é que ontem ele começou de novo, enquanto eu tentava encerrar um projeto de trabalho, depois do sofrido jogo do meu time.

Foi naquela passada final rumo ao quarto, com o copo de água-sem-açucar como companhia, antes de desligar a tv, que eu parei para ver só um pouquinho mais do filme. E fui vendo. E vendo. E quando vi eram quase 2 e o filme ainda não tinha terminado. Só desliguei a tv - de copo ainda na mão, com todas as gotas que eu havia servido mais as das lágrimas que eu acrescentei - por causa do meu grilo falante superegóico que me mandou ir para cama dormir. Antes do final do filme, mais uma vez. Tô começando a desconfiar que existe alguma razão filosófica ou kármica para eu não terminar nunca de assistí-lo. E tenho certeza que ele deve ser lindo, com um final digno de mais lágrimas do que as que eu despejo vendo Grey's Anatomy (e olha que não são poucas).

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Meus sapatinhos de rubi

Venho aprendendo com a poesia que a grande arte da vida, o que nos torna grandes, é a simplicidade. No seu significado também mais simples. Apenas ser o que se é. Apenas respirar. Viver os dias. Ser meu próprio lar.

E por ser essa uma conquista tão grande, é a mais dificil, justamente por ser o que está debaixo do nosso nariz. E a gente sempre procurando lá longe, em algum lugar intangível. Como quando a Dorothy sai para buscar o grande Mágico de Oz, o detentor de todas as respostas, e elas já estavam todas bem debaixo de seus pés, em seu sapatinho de rubi, o tempo todo.

Eu quero ser simples. Sem grandes elocubrações. Sem buscar respostas em grandes mágicos até porque no fundo, bem como no final do filme, quem se julga ou se diz grande mágico não passa de um anãozinho inseguro e metido a besta, escondido atrás da cortina.

Sigo aqui batendo meus sapatinhos um no outro e repetindo a frase: "Não há melhor lugar no mundo do que a minha casa".

2 of my favourite movie quotes


"So, my little Amelie, your bones arent made of glass. You can take life's knocks. If you let this chance go by, eventually, your heart will become as dry and brittle as my skeleton. So go ahead, dammit"



"You are what you love, not what loves you"

terça-feira, 26 de maio de 2009

Sombra

Os nomes que definem minha vida são apenas letras de vultos que me acompanham. Suas identidades nada me dizem. Eu fico é com seus olhos. Os olhos dele, daquele, do outro. Tanto estrondo, tanto maremoto. São nomes que não mais ardem. São feridas que ventam.

Há apenas um rosto que não tem nome. Esse sim, é poesia. Essa carne que não tem olhos, não tem face, não tem lábios, nem sangue. Nem mesmo veneno tem. Tem só aroma, fumaça e uma força estrondosa. Esse sim carrega dentro de si, nas entranhas, nas palpebras e em cada arrepio o nome mais vazio que há: o meu.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Sobre as decisões nossas de cada dia

"...a depressão é uma covardia diante da decisão. Por isso Lacan diz que, quando uma pessoa cede em seu desejo, fica deprimida. A pior coisa que alguém pode fazer é estender um lenço de papel a um deprimido. Isso o solidifica em sua posição narcísica, de autopiedade. (...) A felicidade é uma responsabilidade humana. Não é para os covardes. A decisão é humana; só existe decisão na dúvida; toda dúvida é arriscada; todo risco é apostado.

Como é que se afirma? Decide-se e afirma-se no corpo, não na razão. É a lição da Psicanálise. Não podemos esperar que nossa decisão seja compreendida. Porque, se fosse compreendida, ela seria razoável, e aquilo que é razoável não é decidido no risco. Normalmente, aquilo que é razoável é chato. E aquilo que é decidido é apaixonante. A decisão se decide na paixão. Decisão e paixão estão juntas."


Do livro, já citado aqui anteriormente, "Você quer o que você deseja?" de Jorge Forbes.

É para, no mínimo, fazer pensar...

Um fim de semana com minha melhor amiga

Esse fim de semana foi meu. E me pertenceu de um jeito diferente. Algumas novidades não tão boas me fizeram pensar que não escrevi meu post anterior por acaso. Será que eu senti que tudo poderia mudar mesmo, e o tempo todo?

Prevendo ou não, a verdade é que o imprevisto me encontrou. E eu disse que estava com a alma pronta para ele. E no final das contas, não é que eu estava mesmo?

Imprevisto tem como premissa básica ser inesperado. Então a surpresa é inevitável. Mas é diante do imprevisto que temos que recorrer a quem somos. Recorrer ao que temos. E eu recorri a mim. Busquei meu cuidado, meu sentimento, minha companhia. E foi tão bom. Cumpri compromissos profissionais no sábado, que me fizeram lembrar do caminho que eu escolhi seguir e do quanto amo o que faço. Cumpri compromissos pessoais no domingo, quando fui correr mais uma maratona, e lembrar do quanto eu gosto de estar comigo, de cuidar de mim e superar meus limites. Ver o sol nascendo, correndo na beira do rio, escutando minhas músicas favoritas foi um presente que eu me proporcionei.

Dormi cedo nos dois dias, acordei cedo nos dois dias. Me alimentei, me cuidei, peguei os episódios do meu seriado preferido com uma amiga querida e feliz, que se dispôs a gravar todos para mim... Fiquei um pouco mais com meu irmão, que é meu cúmplice e melhor amigo. Mas fiquei sempre e incansavelmente comigo mesma, que venho descobrindo ser, cada vez mais, a melhor companhia com a qual eu conto.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Tudo muda o tempo todo no mundo

"Nada do que foi será, de novo do jeito que já foi um dia...tudo passa, tudo sempre passará..." *

A vida mostra a cada minuto que nada é garantido, que a única certeza é a incerteza e que a única constância é a mudança permanente.

Eu tento me lembrar disso, tento não me acomodar e lembrar que tudo pode mudar à cada minuto e que é preciso estar alerta, estar pronto para mudar. Pronto para ser desalojado. Isso tem que ser bom, tem que nos fazer crescer.

Estou com a alma pronta para o imprevisto.

*Lulu Santos fazendo sentido numa sexta feira pela manhã

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Faço sorrir

Depois de um post que pode fazer chorar eu me redimo e atesto para os devidos fins que meu blog faz alguém sorrir!

Foi presente da minha querida amiga e colega Wania. Adorei o mimo, porque faço ela sorrir e porque amo o Calvin e o Haroldo!

Amor e Arte

É com profundo respeito e emoção que eu divulgo esse vídeo, realizado pelo filho de uma paciente que foi cuidada no Hospital Moinhos de Vento.

Ele realizou esse vídeo como um trabalho para um curso que realizava mas certamente como uma forma de ressaltar as pequenas sutilezas e até belezas da experiência que passaram. Foi uma homenagem à paciente, sua mãe.

Esse vídeo mostra que uma internação, mesmo não tendo o desfecho desejado, pode ser um momento de reencontro, de beleza, amor e paz.


quarta-feira, 20 de maio de 2009

Teimosia burra

Eu não deveria estar escrevendo esse post agora.

Eu não deveria ter visitado a minha amiga Jo depois do trabalho e ido comer um bauru com cerveja.

Eu não deveria ter visto o final do segundo tempo do jogo do Inter, que nem mesmo é o meu time.

Eu não deveria.

Eu deveria estar dissertando. Eu deveria estar sendo resiliente e persistindo na minha interminável saga rumo ao título de mestra ao qual almejo.

Por que essa teimosia burra? Por que essa dificuldade? Eu, que sempre fui cdf até demais, responsável demais, preocupada demais... Nunca deixei estudos, trabalhos ou leituras de livros chatos do colégio para última hora e agora parece que estou teimosa, parece que não quero terminar isso. Por que? Boicote? Medo? Tudo bem que uma certa dose de rebeldia na vida sempre vem bem, mas na hora e lugares certos.

Acho que não nasci para ser pesquisadora. Eu gosto é de gente, não de papel. Eu gosto de vozes, não de teorias escritas.

Mas seria muita burrice morrer na praia dessa maneira, depois de dois anos de dedicação. Espero que menos posts surjam nos próximos dias, espero que os amigos entendam recusas de visitas. Eu preciso ser resiliente e dissertar loucamente nos próximos dias.

Então tá.

Ortodoxia


Esse livro está completando 100 anos, mas nunca foi tão atual.

Lemos um pequeno fragmento dele em aula, com nosso professor, e eu, instantaneamente, amei e quis compartilhar por aqui.

O autor é Gilbert Keith Chesterton e, de barbada, está com download gratuito na rede.

É só clicar aqui!

***
"...quero frisar apenas que o perigo está na lógica e não na imaginação"

"Em toda parte se observa que os homens não enlouquecem a sonhar; os críticos são muito mais loucos do que os poetas."

"A poesia é sã porque flutua, facilmente, num mar infinito; a razão, porém, procura atravessar esse mar infinito e torná-lo, assim, finito. O resultado é um esgotamento mental. Aceitar todas as coisas é um exercício, mas compreender todas as coisas é um esforço."

"O poeta pretende, apenas, meter a cabeça no Céu, ao passo que o lógico se esforça por meter o Céu na cabeça. E é a cabeça que acaba por rebentar."

"A maneira como se encara, vulgarmente, a loucura é errônea; o louco não é o homem que perdeu a razão, mas o homem que perdeu tudo menos a razão"

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Inteligência emocional?


E pois que o cérebro continua sendo pauta de minhas ultimas reflexões.

Ontem jantei com um monge indiano de 73 anos que tem doutorado em física quântica e faz atendimentos a pacientes em uma unidade de oncologia em Fortaleza. Os atendimentos são basicamente meditações e relaxamentos. Aliás, quase pedi uma sessãozinha para mim também!

O que mais me impressionou é que as técnicas que ele usa provocam efeitos a nível cerebral que podem alterar condições respiratórias, de pressão sanguínea e conseqüentemente, de humor. Isso tudo cientificamente comprovado!

Aí é que a pulguinha começou a coçar e pude ter uma conversa ótima com ele, metida e perguntadeira que eu sou: Onde ficam as emoções no nosso cérebro? Como - de acordo com a crença dele - a imposição de mãos em uma certa angulação ou com tais ou outros dedos unidos pode provocar tamanha alteração cerebral ou respiratória a ponto de alterar meu “ânimo”, ou até meus sentimentos?

Aonde ficam as tais das nossas emoções? Nossos conflitos psíquicos? Como é que eles "dançam" com nossas conexões cerebrais, hormonais?

Fiquei intrigada e estou até agora pensando que o corpo da gente é mesmo uma engrenagem delicada e sutil. E que temos que dar mais ouvidos e mais tempo a ele.

Vocês sabiam que respiramos tão mal a ponto de reter muito mais gás carbônico em nosso organismo do que deveríamos, o que faz com que isso torne o sangue mais ácido, sendo então um meio de proliferação de bactérias e de células anômalas (cancerígenas, por exemplo)? Quanto mais alcalino nosso sangue, melhor, e para isso é preciso que tenhamos mais oxigênio e menos CO2 eem nosso organismo. E que temos duas narinas para poder contemplar os dois hemisférios cerebrais em termos de respiração?

Alguém presta a devida atenção a sua respiração?

Nossa...meu cérebro tem trabalhado muito... Só não sei o que ele anda fazendo com tanta emoção que anda por aqui...

Respiro fundo e sigo o baile...

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Who am I fighting against, anyway?

Hoje eu conversei com uma pessoa que devido a uma condição de saúde grave esta fazendo um tratamento radioterápico no cérebro que altera significativamente a compreensão cognitiva e a fala, especialmente.

Eu escutei, por 30 minutos, essa mulher tentar, desesperadamente, coordenar um discurso lógico. E ela conseguiu tão poucas frases. Eu me esforçava para que ela se sentisse compreendida. Mas eram frases disconexas, perguntas soltas sobre outros assuntos que não havíamos nem falado. Era a primeira vez que eu conversava com ela e senti a angústia que é querermos dizer algo e não sermos compreendidos. A angustia de não conseguir falar uma palavra que pensamos porque o nome dela fugiu de nossa mente.

Ah, a mente humana. Eu trabalho com ela, mas eu não sei como ela funciona em sua parte “mecânica”, digamos assim. Fiquei me sentindo tão pequena, tão impotente diante dos mistérios do cérebro. Se essa pequena massa não funciona, se não esta com todas as engrenagens em harmonia, de nada adianta o meu trabalho. Eu preciso das palavras para trabalhar e ela não as tinha. O repertório sumiu. Ela só tinha a imagem do que gostaria de transmitir e não conseguia.

Que sensação ruim, que momento difícil.

Não percebemos como é fundamental poder expressar o que sentimos, o que pensamos. E para que isso possa ocorrer nós temos que usar símbolos, palavras, imagens. Esse é um processo mental que parece tão obvio, tão espontâneo. E na verdade ele é parte de um complexo sistema, que à menor falha pode ruir, e nos deixar isolados, enfrentando sozinhos nossos abismos sem alguém que nos lembre que nome ele tem...

Ainda bem que mesmo na falha da palavra, sempre existe o olhar e o abraço.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Vestindo as sandálias da vaidade...


...porque as da humildade eu já uso há 30 anos e já estava mais do que na hora de variar um pouquinho!

Rosa de Cecília

.:. Livre e loucamente inspirado no poema de Cecília Meireles, "O 4° motivo da Rosa" .:.

Eu sou a rosa de Cecília, aquela que se desfolha e não tem fim.
Se eu me imaginasse como uma rosa não seria uma rosa cor de rosa nem vermelha.
Seria uma rosa branca, pronta, aberta e disponível às cores.
Eu sou branca como pétala e suave como o vento.
Eu sou a rosa que se despetala porque meus espinhos não ferem ninguém além de mim mesma.
Eu sou a rosa da Cecília, e minhas pétalas voam quando eu menos espero.
Mas ao contrário dos conselhos por ela postos, eu me aflijo sim.
Não quero me despetalar mesmo sabendo que outras novas virão.
Tenho amor por cada pétala, até pelas que secaram.
Eu quero que o vento vá falando de mim e perceba minha existência,
Fugaz como a vida de uma rosa
Frágil como a pétala
Inconstante como esse mesmo vento que me leva.
Eu também não quero ter fim.
***
4o. Motivo da rosa
Não te aflijas com a pétala que voa:

também é ser, deixar de ser assim.
Rosas verá, só de cinzas franzida,

mortas, intactas pelo teu jardim.
Eu deixo aroma até nos meus espinhos

ao longe, o vento vai falando de mim.
E por perder-me é que vão me lembrando,

por desfolhar-me é que não tenho fim.

Cecília Meireles

quarta-feira, 13 de maio de 2009

É isso que eu quero...


Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa compor muitos rocks rurais
E tenha somente a certeza
Dos amigos do peito e nada mais

Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa ficar no tamanho da paz
E tenha somente a certeza
Dos limites do corpo e nada mais

Eu quero carneiros e cabras pastando solenes
No meu jardim
Eu quero o silêncio das línguas cansadas
Eu quero a esperança de óculos
Meu filho de cuca legal
Eu quero plantar e colher com a mão
A pimenta e o sal
Eu quero uma casa no campo
Do tamanho ideal, pau-a-pique e sapé
Onde eu possa plantar meus amigos
Meus discos e livros
E nada mais

terça-feira, 12 de maio de 2009

Enquanto ela não vem....


Eu sou o alter ego da Luciane. Assumi esse blog para revelar as verdades e faze-la perder o controle.

Ela passa por aqui e registra o que pensa e o que sente, mas no fundo ela só quer ser amada. É aí que eu entro na história. Ela sempre criticou blogs e agora isso aqui parece ter se tornado um retrato dela: do que ela é mas muito do que ela quer se tornar também.

Eu acho que ela é desejosa, essa menina mulher. Eu acho que ela precisa se enxergar iluminada e colorida, concretizada em uma página da internet porque suas cores internas ainda piscam para que ela as veja. E ainda assim, ainda que trabalhe desvendando o inconsciente do outro, ela não enxerga claramente suas próprias cores. Precisa ver tudo isso concretizado aqui na tela do computador. E mesmo assim não se sacia.

Ela ama música, essa Luciane. Ama poesia. Ama delicadezas. E ama palavras. Alguém sabe me dizer o que ela odeia? Porque ela teima em dizer que não consegue detectar seu próprio ódio. Mas eu já senti esse ódio sim. Já fui esse ódio dela. Senti o perfume do desgosto que ela tenta disfarçar. Quem a conhece, sabe disso? Você, não sabia?

Eu não posso fazer nada porque só apareço quando ela se afasta. Quando ela fica perdida em devaneios ou atarefada em tentar se encontrar. Daí eu surjo e tento mostrar algumas coisas a ela. Tento mostrar que ela pode ainda mais. Que a vida dela apenas começou e que a vontade por ser vai levá-la às alturas.

Ela sabe disso, essa guria dos olhos cor de mel. Eu sinto um carinho grande por ela. Ela que quer ser poeta, que ainda acredita nas pessoas. Ela que se julga ingênua, mas que suporta muito mais do que sonha.

Luciane está voltando e eu vou embora. Aguardem para ver os próximos posts e me digam se ela não é quem eu descrevi aqui. Não contem nada a ela sobre essa minha visita. Mas não permitam que ela esqueça de ser somente quem ela é. Essa pequena mulher grande que quer descobrir a vida inteira.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Caio 3D

Que coisas são essas que me dizes sem dizer, escondidas atrás do que realmente quer dizer?

Tenho me confundido na tentativa de te decifrar, todos os dias. Mas confuso, perdido, sozinho, minha única certeza é que cada vez aumenta ainda mais minha necessidade de ti. Torna-se desesperada, urgente. Eu já não sei o que faço. Não sinto nenhuma outra alegria além de ti.

Como pude cair assim nesse fundo poço? Quando foi que me desequilibrei? Não quero me afogar: Quero beber tua água. Não te negues, minha sede é clara.

Caio Fernando Abreu

sábado, 9 de maio de 2009

Se eu fosse... Eu seria...

Se eu fosse um mês, eu seria... Setembro


Se eu fosse um dia da semana, eu seria... Sábado


Se eu fosse uma hora do dia, eu seria... O amanhecer


Se eu fosse uma direção, eu seria... Contra o Vento


Se eu fosse um esporte, eu seria... Patinação artística no gelo


Se eu fosse um divertimento, eu seria... Uma peça de teatro


Se eu fosse um gesto, eu seria... Um carinho


Se eu fosse um momento, eu seria... Uma surpresa


Se eu fosse um líquido, eu seria... Um vinho


Se eu fosse uma pedra preciosa, eu seria... Um diamante


Se eu fosse uma árvore, eu seria... Um plátano


Se eu fosse uma flor, eu seria... Um girassol


Se eu fosse um instrumento musical, eu seria... Um violino


Se eu fosse uma cor, eu seria... Azul


Se eu fosse um sentimento, eu seria... Alegria


Se eu fosse um tempero, eu seria... Manjericão


Se eu fosse um animal, eu seria... Um gato



Se eu fosse uma fruta, eu seria... Morango



Se eu fosse um livro, eu seria... Poesia


Se eu fosse uma personagem, eu seria... Carrie Bradshaw


Se eu fosse uma comida, eu seria... Um risoto


Se eu fosse um lugar, eu seria... Veneza


Se eu fosse um objeto, eu seria... Um I-pod


Se eu fosse um filme, eu seria... Cidade dos Anjos

De repente um raio de sol...



Graças a Marisa e a Julieta já senti um raiozinho de sol nesse sábado...
Linda essa música!

Cerração baixa...


Eu ando me sentindo exatamente como a personificação desse ditado...

Hoje o sábado despertou assim. Com cerração baixa. Agora um sol lindo surge, um dia lindo pela frente.

Eu sou esse sábado. Só que ainda me sinto em plena cerração.

Quanto tempo levará até o sol rachar?

quinta-feira, 7 de maio de 2009

A escuridão em chamas

Quanto mais a escuridão incendeia mais ela me invade e me comprime. Mas isso não me anula. Hoje o café preto é que me engole e as sombras do sol é que aquecem minhas interrogações. Parece que a sombra não cansa de me visitar e dança comigo, me tonteia, e me solta como em brincadeira de criança, para que eu descubra se posso encontrar meu caminho sozinha.

Entrar mais fundo na toca do coelho não a torna menor. O fogo segue ardendo mesmo para quem acredita ser imune a ele. E queima mais e mais. Combustão de descobertas.

O pequeno homem da história acima (autoria do brilhante Quino), ousou em descobrir que parte escura era aquela que o incomodava. Mas foi covarde para entrar de verdade, com os dois pés. Precisou de uma vela para antes de arriscar-se, prever. E não previu nada. Não enxergou nada. Foi quase engolido pelo escuro que temia. Porque na realidade ninguém pré-vê nada. Isso seria muito cômodo. Ou vemos ou não vemos. E no momento que vemos já estamos envolvidos, comprometidos com o que foi visto. E isso gera responsabilidade pelas atitudes tomadas dali em diante, seja enfrentar, negar ou fugir do que se viu.

Quem mais tenta aplacar ou negar sua escuridão é quem mais sofre com ela, consciente ou inconscientemente.

Eu, quanto mais converso com a minha, a devasso e menos a entendo, mais torno a querer saber.

Acuada muitas vezes, ainda assim sigo curiosa. Mas incendeio a vida, não a escuridão. Porque preciso dela para ser luz.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Vento para Crer...

Dias de vento sempre me dão uma idéia concreta de passagem, de que as coisas vêm e vão embora. É uma sensação triste mas também confortante. Sentir o vento no rosto é reconhecer as minhas fronteiras, diferenciar o meu corpo do resto do mundo. Sentir o arrepio e os cheiros que o vento traz.

Sinto que o vento que hoje levantou meus cabelos e secou um pouco meus olhos veio me avisar de que novos tempos estão chegando. Eu preciso é aprender a receber esses novos tempos de braços abertos, aprender a arte da paciência, e seguir sendo eu mesma, sem medo do que vou perder com essa ventania. Porque o novo sempre vem, e o que o vento tiver que levar, se vai...

***
"E como será?
O vento vai dizer
lento o que virá,
e se chover demais,
a gente vai saber,
claro de um trovão,
se alguém depois
sorrir em paz."
Los Hermanos - O vento

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Me vejo em tudo...

Quando eu finalmente conquistei meu sonho de morar sozinha, antes mesmo de eu ter um armário em casa o primeiro presente que eu me dei e que seria a marca de que aquela era a minha casa foi um singelo e pequeno quadro desse artista, Madu Lopes.

E agora é assim: A cada obra que eu vejo dele eu me encontro mais um pouco e quero adquiri-las todas. Não sei se são as cores, as mulheres, o devaneio, os gatos, as estrelas, essa intenção de sonhar ou simplesmente o meu desejo de ser retratada em tintas e cores. Só sei que minha casa é o meu quadro. E ela é meu retrato.

Madu Lopes é gaúcho de Pelotas. E eu, que no meu preconceito camuflado tinha certeza de que o artista era uma mulher, simplesmente pelo fato de me sentir tão identificada e retratada nas obras, confirmei que existem, sim, homens que realmente conseguem traduzir a alma feminina. Ou pelo menos a minha.





Bom Conselho

Essa música foi pauta para bons e profundos papos no feriado.

Não existem bons conselhos a não ser o que nós mesmos nos damos. Precisamos do outro, com certeza, mas quando realmente escutamos algo que o outro nos diz e fazemos o que então nos "aconselham", é porque isso já estava mesmo dentro de nós.

Quantas vezes somos advertidos, aconselhados ou encaminhados e não fazemos o que nos é recomendado?

Pois é. Não existem bons conselhos, ditados certos, caminhos prontos. Existe é fazer o que sabemos ser o correto para nós mesmos em cada momento. Existe é a intuição, de fazermos o que sentimos ser certo a cada encruzilhada. E existe o erro também, é claro, porque sentir é não ter certeza.

Mas não é para ter certeza que estamos aqui, é?