segunda-feira, 2 de março de 2009

Engatada

Eu sempre odiei gatos e amei cachorros. Gato para mim sempre foi uma criatura irritante, arisca e fria. Me irritava ver gatos na casa de amigos ou familiares, em que a gente chama, chama, e eles apenas olham com um olhar indiferente e viram as costas. Não conseguia entender como alguém poderia considerar esse animal como sendo de estimação. Eu nunca estimei um gato. Até que em 2008 a solidão na porta de casa começou a incomodar. Sentia falta de algum bichinho por perto.

Por insistência de amigos e colegas do hospital entrei no site Bicho de Rua para ver algum gato que pudesse me interessar, já que cachorro em apartamento é complicado, ainda mais para quem vive sozinha e fora de casa o dia todo.

Mesmo apreensiva, adotei. E adorei. Hoje a Amy vive comigo no meu cantinho e digo sem medo de errar que foi uma das minhas melhores atitudes do último ano.

Gatos não são como cachorros. São diferentes. Uma grande amiga uma vez me disse “Cachorro a gente tem. Gato a gente convive”. Essa frase nunca saiu da minha cabeça e ela cabe muito bem para os relacionamentos humanos.

Quantas vezes tratamos pessoas como cachorros, julgando que eles sintam amor incondicional por nós, que podemos xingar, afastar, bater e eles estarão sempre lá, abanando os rabinhos com a língua de fora sempre que NÓS precisamos deles.

Gatos são diferentes. Eles vem receber carinho porque querem. Eles dão carinho quando querem. Isso às vezes irrita? Lógico. Mas é um exercício de convivência. E assim como com os gatos, não podemos ter o carinho do outro só quando nós precisamos. Precisa ser na hora em que esse outro também esteja disposto a dar esse carinho. E precisamos retribuir também. Respeitar. Um gato quando é machucado ou pisado, mesmo que acidentalmente, se afasta, se ressente, e não é assim tão simples se retratar quanto com um cachorro.

Gatos são sensíveis. Eles passam a conhecer o dono e seus humores de uma maneira incrível. Minha gata sente quando eu estou triste, quando eu estou mais quieta. Se aproxima e me afaga quando eu choro. E ela também tem os dias dela. Às vezes está agitada quando eu não gostaria, recolhida, às vezes um pouco agressiva. Mas eu preciso aprender a respeitá-la também. Saber conviver e entender. Ela não gosta de grude. Ela gosta de presença. De apenas sentir meu calor por perto.

É. Temos muito o que aprender com os gatos. Porque amor se conquista com troca, não com imposição.

4 comentários:

Marilu disse...

Brilhante este post Lu!
Eu sempre amei gatos, tive vários quando morava na casa dos meus pais!
Eu não gosto de cães rss

Muito pertinente a comparação com relecionamentos, só acrescento que apesar dos cães serem mais 'babões', assim como os humanos suas demostrações de afeto são mais discretas quando não são bem tratados!

Luciane Slomka disse...

Beijo pra ti, guria! :)

Daniel disse...

vou parar de correr atrás dela e de tentar colocar a pata na torradeira, não quero ver mágoa naquele coraçãozinho que pega as cinco marias e joga no vaso.

Luciane Slomka disse...

Agora as Marias são quatro. :(
Mas mesmo tu azucrinando a pobrezinha, ela sabe que é por amor.